A Sexta-feira Santa nasceu como dia da morte de Jesus (dia 14 do mês de Nissan, que caía numa sexta-feira).
Trata-se, portanto, de um dia de luto, acompanhado de “jejum”, depois estendido a todas as sextas-feiras do ano. A liturgia tem três momentos: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão.
Neste dia, por meio desta liturgia, os fiéis recebem o convite para fixar seu olhar em Jesus Crucificado, que morreu na cruz para cumprir a sua missão salvífica, que o Pai lhe havia confiado: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo”.
O profeta Isaías diz: “Ele tomou sobre si os nossos pecados, as nossas dores e sofrimentos, e nós o julgamos castigado por Deus” (Is 52,13-53,12).
A Sexta-feira Santa, o Mistério da Cruz
Com a sua vida, Jesus pagou um alto preço pela nossa desobediência, mas o fez com amor e por amor: “Sendo rico, Jesus se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer com a sua pobreza” (2Cor 8,9).
Assim, no contexto desta Sexta-feira Santa, cada um de nós pode ficar diante da cruz e dialogar com o Senhor Jesus sobre os próprios problemas, dramas, sofrimentos.
Todas as questões sobre a vida, portanto, são iluminadas pela Cruz, a ponto de chegarmos a dizer, realmente, que “o coração tem suas razões, que a razão não pode compreender“. O Senhor Jesus deve ser acompanhado com amor, até o fim, como Ele o fez.
A Via Sacra
A Via Sacra foi introduzida na Europa pelo dominicano beato Alvaro De Zamora da Cordoba em 1402 e mais tarde pelos Frades Menores.
Depois disso Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a Escritura, disse: “Tenho sede”. Havia ali uma jarra cheia de vinagre.
Em seguida, amarraram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (Jo 18, 28-30).
Hoje, portanto, as igrejas estão silenciosas. Na liturgia não há canto, não há música e nem a celebração da Eucaristia, porque a dedicação de todo espaço é à Paixão e à morte de Jesus.
Assim, ajoelhamo-nos, para simbolizar a humilhação do homem terreno e a coparticipação ao sofrimento do Senhor. Porém, não é um dia de luto, mas um dia de contemplação do amor de Deus que chega para sacrificar o próprio Filho, verdadeiro Cordeiro pascal, para a salvação da humanidade.
A adoração da Cruz
A Cruz está presente na vida de todos os cristãos desde a purificação do pecado no Batismo, absolvição do Sacramento da Reconciliação, até o último momento da vida terrena com a Unção dos enfermos.
Na Sexta-feira Santa recebemos o convite a adorar a Cruz para o dom da salvação. Depois da ascese quaresmal o cristão está preparado para não fugir do sofrimento.
Na nota aos bispos e às Conferências Episcopais, o convite para exercitar “a prudência, evitando gestos e comportamentos que poderiam ser potencialmente arriscados”.
Nos últimos dias, continua a nota, o Papa Francisco convidou a rezar, “pedindo a Deus o dom da paz para a Ucrânia, para que esta “guerra repugnante” possa chegar ao fim”. Junto com a Ucrânia, ressalta a congregação, “também queremos lembrar todos os outros conflitos, infelizmente sempre numerosos, em muitos países do mundo: uma situação que o Papa Francisco descreveu como uma terceira guerra mundial em pedaços”.
Paixão do Senhor
Nesse sentido, já que a liturgia da celebração da Paixão do Senhor nesta Sexta-feira Santa nos convida a elevar a Deus a nossa súplica pela Igreja e o mundo inteiro, “na oração universal invocaremos o Senhor pelos governantes para que ilumine as suas mentes e corações para buscar o bem comum em verdadeira liberdade e em verdadeira paz, e por aqueles que estão em provação para que todos possam experimentar a alegria de ter encontrado a ajuda da misericórdia do Senhor”. Uma oração para se fazer desde já em prol dos irmãos “que vivem a atrocidade da guerra, especialmente na Ucrânia”.
Por Silvonei José (Vatican News)
LITURGIA DA PALAVRA
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR
Leitura Livro do profeta Isaías (Is 52,13 – 53,12):
13Ei-lo, o meu Servo será bem-sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. 14Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo — tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano —, 15do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram.
53,1”Quem de nós deu crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado reconhecer a força do Senhor? 2Diante do Senhor ele cresceu como renovo de planta ou como raiz em terra seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse.
3Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos. Passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele.
4A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores. E nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado!
5Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes. A punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura.
6Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós.
7Foi maltratado, e submeteu-se, não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca.
8Foi atormentado pela angústia e foi condenado. Quem se preocuparia com sua história de origem? Ele foi eliminado do mundo dos vivos; e por causa do pecado do meu povo foi golpeado até morrer.
9Deram-lhe sepultura entre ímpios, um túmulo entre os ricos, porque ele não praticou o mal nem se encontrou falsidade em suas palavras.
10O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura, e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor.
11Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas.
12Por isso, compartilharei com ele multidões e ele repartirá suas riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus!