Ozempic: Estudo alerta para riscos de perda da libido e disfunção erétil
Pesquisa mostra que redução dos níveis de testosterona está entre as consequências do uso do medicamento por homens
Com o aumento da popularidade do medicamento Ozempic, da Novo Nordisk, para o controle do diabetes tipo 2 e perda de peso, um novo estudo publicado no International Journal of Impotence Research (IJIR) traz à tona preocupações significativas quanto aos potenciais riscos à saúde dos homens. A pesquisa revela que o uso de Ozempic pode ocasionar a redução dos níveis de testosterona no corpo masculino, resultando em possíveis efeitos adversos, como perda da libido e disfunção erétil.
O medicamento Ozempic, reconhecido por sua eficácia no emagrecimento, tem sido cada vez mais utilizado para fins estéticos, embora sua indicação principal seja para o tratamento do diabetes tipo 2 e obesidade. De acordo com o estudo, a semaglutida, ingrediente ativo do Ozempic, aprovado pela Anvisa para o tratamento da obesidade, tem sido associada a um impacto negativo na regulação dos níveis de testosterona nos homens.
Uso indiscriminado
Profissionais de saúde alertam que o uso indiscriminado do Ozempic sem a devida supervisão médica pode acarretar sérias consequências à saúde masculina. Dr. Tiago Mierzwa, urologista e andrologista que é especialista em saúde sexual masculina, enfatiza a importância de compreender os perigos associados ao uso sem acompanhamento médico e inadequado do medicamento, especialmente para homens saudáveis que buscam seus benefícios estéticos sem atendimento médico adequada.
“O Ozempic, quando usado sem critério e fora das indicações médicas apropriadas, pode expor os homens a problemas graves, como a perda da libido e o desenvolvimento de disfunção erétil. É fundamental compreender que mesmo pessoas saudáveis podem enfrentar complicações ao recorrer a medicamentos de forma indiscriminada, especialmente quando não há uma necessidade clínica específica”, alerta Dr. Tiago Mierzwa.
Além dos possíveis efeitos sobre a libido e a função erétil, o estudo ressalta os riscos associados ao uso de Ozempic em homens não diabéticos e obesos, abordando a preocupação em torno da diminuição dos níveis de testosterona como fator desencadeador de complicações sexuais.
“Tanto nós da comunidade médica quanto a população em geral deve ser lembrada da importância da buscar orientação profissional qualificada antes de iniciar qualquer tratamento com Ozempic, assim como qualquer medicamento da moda, e a aderir estritamente às diretrizes médicas para seu uso apropriado, visando a prevenção de potenciais efeitos adversos à saúde”, finaliza.
Dr. Tiago Cesar Mierzwa
Dr. Tiago César Mierzwa é urologista, andrologista e mestre em Clínica Cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná. Desenvolve suas atividades como coordenador dos Serviços de Andrologia nos Hospitais Nossa Senhora das Graças e Hospital Universitário Cajuru, sendo também membro professor do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia. Sua atuação se estende a diversas entidades, como a American Urological Association, International Society for Sexual Medicine, Sociedade Latino-Americana de Medicina Sexual, ABEMSS, Confederación Americana de Urologia e Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. Além disso, Dr. Mierzwa dedica-se à produção semanal de conteúdos sobre saúde sexual e reprodutiva masculina em suas plataformas digitais.
Posicionamento sobre o uso off-label e efeitosadversos do Ozempic®
A Novo Nordisk não endossa ou apoia a promoção de informações de caráter off-label de seus medicamentos, ou seja, em desacordo com a bula. Ozempic® (semaglutida 1 mg) não possui indicação aprovada pelas agências regulatórias nacionais e internacionais para o tratamento de obesidade.
O medicamento foi aprovado pelas autoridades regulatórias do Brasil em agosto de 2018 para o tratamento do diabetes tipo 2 e comercializado a partir do primeiro semestre de 2019. É importante ressaltar que o medicamento deve ser utilizado e comercializado sob prescrição médica, embora não haja necessidade de retenção da receita pela farmácia.
A Novo Nordisk reforça que efeito adverso é definido pela Anvisa como qualquer resposta prejudicial ou indesejável, não intencional, a um medicamento. Os distúrbios gastrointestinais, tal como náusea, foram os eventos adversos mais frequentemente relatados com o uso de Ozempic, sendo a maioria de intensidade leve a moderado e de forma transitória, não sendo necessário a interrupção do tratamento na grande maioria dos casos. Esses eventos ocorreram em uma proporção semelhante em relação a outros análogos de GLP-1.
Para minimizar os efeitos colaterais, o paciente deve buscar orientações junto ao seu médico. Em geral, comer porções menores nas refeições, parar quando se sentir satisfeito, evitar frituras e alimentos muito gordurosos, manter-se bem hidratado ao longo do dia e evitar álcool são atitudes que podem minimizar esses efeitos. A titulação (ajuste gradual da dosagem da medicação) de forma correta minimiza esse risco e pode ser adaptada, com orientação médica, à tolerabilidade do paciente.