Um ano após os amantes das praias verem restritos seus desejos de pisar na areia ou mergulhar na água, devido a restrições impostas pela pandemia, a projeção das prefeituras, das associações comerciais e dos empresários de cidades do litoral norte de São Paulo é de o que verão de 2022 será o melhor dos últimos anos.
Muitos apostam que seja uma temporada de praias lotadas, serviço de hospedagem próximo da ocupação total e barracas, quiosques e restaurantes em pleno funcionamento.
MELHOR VERÃO PÓS-PANDEMIA NO LITORAL NORTE DE SP
A expectativa positiva se deve ao anúncio por parte das gestões municipais de que não haverá restrições ao uso das praias.
Em Ilhabela, os comerciantes se mostraram ansiosos para a chegada dos turistas que, segundo eles, costumam vir em grande quantidade após o Natal.
“A expectativa é a que seja o melhor verão dos últimos dez anos. O pessoal ficou muito tempo parado, sem sair de casa”, diz o empresário Rodrigo Pergamo, 31, dono de uma pizzaria no centro histórico da cidade.
Há também quem creia que a alta da moeda estrangeira em comparação com o real possa fazer com que as pessoas busquem por destinos no próprio país. “A expectativa é que seja muito boa a temporada. Tem tudo para ser uma das melhores. Com o dólar caro, a tendência é que as pessoas procurem a ilha”, afirma Richard Curti, 28, dono de um bar na mesma região.
A desvalorização da moeda nacional também foi lembrada pelo vendedor ambulante Douglas Moreira, 58, como uma corrente que pode trazer mais turistas para a badalada Ilhabela.
Ele, que tem uma barraca na praia do Perequê e que trabalha nas ruas há 18 anos, relata que a cidade já dá demonstrações de que está começando a criar vida novamente. “A gente está crendo em uma temporada muito boa. A alta do dólar e do euro faz com que o turismo no Brasil cresça demais”.
Se no centro da cidade os comerciantes ainda falam em tom de expectativa, na praia Ilha das Cabras, há quem já note a melhora nas finanças, caso de uma escola de mergulho.
“Hoje temos bastante procura por agendamento, o que estava difícil até com promoções”, disse a gerente Mauricia Santos, 27.
A reportagem percorreu algumas praias de Ilhabela entre a manhã e a tarde do dia 15 de dezembro. Era raro encontrar alguém fazendo o uso de máscara. Fazia um sol tímido, que, por vezes, se escondia entre nuvens.
“Eu vim para dar uma relaxada, curtir com a família, após o estresse do último ano, ainda mais para mim, que convivi confinada com os pacientes de Covid”, relatou a enfermeira Karina Albano Barbosa, 31, enquanto colocava os filhos de 13 e 5 anos para passear na banana boat na praia do Curral.
Quem também contou tomar todos os cuidados possíveis foi o casal Eder Nascimento, 26, e Juliana Pierre, 32, que conversou com a reportagem enquanto passeava pelo centro histórico.
“Medo a gente tem, mas estamos tomando as precauções. Onde tem que usar máscara, usamos máscara.
Procuramos os locais mais abertos. A gente casou na semana passada e viemos passar a lua de mel”, disse o jovem, que é militar.
Procurada, a prefeitura de Ilhabela informou que a expectativa é de um grande fluxo de visitantes. “Estima-se que, nesta temporada, atingiremos índices muito próximos aos índices pré-pandemia”, afirmou, em nota, a gestão.
À reportagem o presidente da Associação Comercial de Ilhabela, Sidney Covas, disse que “a rede hoteleira formalizada aguarda índice de ocupação de 92% a 96%”.
SÃO SEBASTIÃO
Assim como o setor comercial de Ilhabela, a vizinha São Sebastião também conta os dias para a chegada de mais turistas que buscam curtir suas praias no verão.
O empresário Renato Consolaro, 37, administrador de uma pousada na beira da praia de Juquehy, relata que todos seus quartos estão ocupados até fevereiro. Com diárias em torno de R$ 800, ele afirma que, mesmo sem fogos, conforme anunciado pela prefeitura, o turista não deve deixar de ir até o local.
“As pessoas querem se divertir. Se não der 100%, elas se divertem 70%”, brinca.
Quem também vislumbra uma temporada inesquecível é o vendedor ambulante Augusto Ramos, 49, que possui uma barraca em que comercializa bebidas e porções na praia de Boiçucanga. “Tem tudo para ser um dos melhores, pelo movimento e pelo que estamos sentindo.”
No momento da visita da reportagem, em 16 de dezembro, o tempo estava nublado, com períodos de chuva em alguns momentos. Assim como em Ilhabela, os turistas em São Sebastião também não utilizavam máscaras.
“Nós temos medo de tudo, mas temos que viver. Não fico grudadinha em ninguém. Sou contra Carnaval ou festa com muita gente. Ainda não é o momento”, disse a turista Maristela Metidieri, 62, que é musicista.
Procurada, a prefeitura de São Sebastião informou que trabalha com a “possibilidade de que, neste verão, os hotéis, pousadas e casas de aluguel tenham ocupação próxima à máxima”.
CARAGUATATUBA E UBATUBA
Em nota, a prefeitura de Caraguatatuba informou que a estimativa é de que a cidade receba cerca de 600 mil pessoas na temporada. “Muitos hotéis e pousadas já estão sem leitos para o Réveillon”, disse, em nota.
O presidente da Associação dos Hotéis e Pousadas de Caraguatatuba, André Frida, relatou que a expectativa é que se retorne ao patamar anterior à pandemia, porém, a recuperação total do setor deve levar de dois a três anos para ocorrer.
Por sua vez, a prefeitura de Ubatuba informou que a projeção é que, “com a vacinação e flexibilização, mesmo sem eventos promovidos pela municipalidade, a cidade receba cerca de 500 mil pessoas para a virada [do ano]”.