Francisco Meneses, que teve um câncer agressivo na orofaringe com metástase na cervical afirmou categoricamente: ‘Em nenhum momento achei que iria morrer’. O motivo de tanto otimismo, segundo ele, foi a fé, a certeza de que seria curado. E ele não está sozinho em sua crença. De acordo com inúmeras pesquisas, ter fé ou algum tipo de religiosidade ajuda no tratamento das mais diversas doenças, principalmente câncer e depressão.
Mesmo que seja um assunto ainda envolto em polêmica e controvérsias, a influência da espiritualidade no processo de tratamento de pacientes é reconhecida no meio médico. Um trabalho do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia com quase 250 artigos de todo o mundo concluiu que a prática regular de atividades religiosas de qualquer tipo pode reduzir o risco de morte em 30%. Ainda segundo o estudo, há até mesmo diminuição na carga viral em pacientes com HIV, redução de mortes por AVC e problemas cardíacos.
Câncer x fé
Parte dos estudos que relacionam fé com tratamentos de saúde envolvem o câncer. Um deles foi uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de Duke, na Carolina do Norte nos Estados Unidos, que comprovou que pacientes que se valem de práticas religiosas apresentam 40% menos chances de sofrerem depressão durante o tratamento do câncer, e de doenças em geral. Os pesquisadores acreditam que a fé representa um reforço para o sistema imunológico.
No Brasil também há estudos que averiguam tal fato Uma pesquisa realizada na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que a religiosidade fortalece pacientes que lutam contra o câncer. O estudo foi qualitativo, com entrevistas com pacientes em tratamento contra o câncer e profissionais da oncologia do Hospital Beneficência Portuguesa, de Ribeirão Preto. Segundo Joelma Ana Espíndula, psicóloga que coordenou o estudo, os pacientes têm na religião um apoio, encontram um fortalecimento que ajuda durante todo o processo, mesmo nos momentos mais difíceis, e que mesmo sendo algo não compreendido totalmente pela ciência é fato constatado diariamente nos hospitais e consultórios.
Fé em Deus e na ciência
Cristão, foi a fé que manteve Francisco Meneses forte durante o tratamento do câncer na orofaringe com metástase na cervical. Segundo conta no livro Desafiando o Impossível, publicado pela Editora Albatroz, em que relata toda a experiência, a confiança em Deus, de que Ele tinha ainda um propósito maior para a sua vida e que ela ainda não chegaria ao fim naquele momento, foi o que o sustentou em todo o doloroso processo. “Além disso, havia recebido uma profecia de que o tumor secaria, então estive firme durante a enfermidade”, acrescenta.
Um dos procedimentos para o tratamento do seu câncer e metástase era uma cirurgia severa e mutilante na região cervical que deixaria com sequelas limitantes se conseguisse sobreviver. “Mas conversando com a médica responsável pelo meu caso, pouco antes da cirurgia, ouvi a voz do Espírito Santo me dizendo para não operar, para apenas passar pela quimioterapia e radioterapia. A profissional disse que consultaria colegas e depois de conversarem a respeito aceitou não fazer o procedimento”, explica. Francisco ainda conta que a médica, enfermeiros e outros profissionais comentavam como estava sempre alegre e bem-disposto, apesar de tudo, algo que ele credita à sua fé.
Francisco salienta que nunca deixou de seguir à risca o tratamento, pois acredita que tudo está interligado. Ele conta que a fé o ajudou no processo de cura, mas que ainda assim não foi fácil, pois passou por todos os efeitos colaterais de quimio e radioterapia, alguns que sente ainda hoje, mesmo anos depois. “Mas a ciência está aqui para nos ajudar, por isso sei que mesmo com fé preciso me submeter a ela, é fundamental para a cura”, comenta.
Conforto e defesa natural do organismo
Um dos estudiosos do tema é o psiquiatra Harold Koenig. Professor da Universidade Duke, na Carolina do Norte, há 28 anos se dedica a estudos que relacionam religião com saúde. Já soma 40 livros publicados e mais de 300 artigos sobre o tema. Sua tese é que a fé religiosa ajuda as pessoas em diversos aspectos da vida cotidiana, reduzindo o stress, fazendo-as adquirir hábitos saudáveis e dando-lhes conforto nos momentos difíceis. Segundo ele, as pesquisas são claras ao relacionar as diversas formas de religiosidade com a prevenção de doenças cardiovasculares e da hipertensão.
O profissional ainda aponta que aqueles que se valem da fé, independentemente da religião seguida, enfrentam melhor os problemas físicos e emocionais. “A fé é um fenômeno que libera defesas naturais do organismo, prepara o corpo e a alma a lidarem melhor com a dor e os percalços do tratamento. Seja qual for a forma de manifestação dessa confiança absoluta, ela impede a pessoa de se entregar ao problema, motivando a busca da cura”, diz.
Para conhecer mais da história de fé em Deus e na ciência de Francisco Meneses em Desafiando o Impossível, basta clicar aqui.