Dormir mal é tão prejudicial para a saúde do coração quanto fumar, diz entidade

A nova versão do Lifes's Simple, criado em 2010 e que reúne métricas de comportamento e fatores de risco para a saúde, incorpora os problemas de sono pela primeira vez


Por Folhapress
Dormir mal é tão prejudicial para a saúde do coração quanto fumar

Dormir mal é tão prejudicial para a saúde do coração quanto fumar

Dormir mal, menos de sete horas por noite, é tão prejudicial para a saúde do coração e do cérebro quanto fumar cigarros tradicionais ou eletrônicos, ser obeso e levar uma vida sedentária. É o que diz uma nova diretriz da Associação Americana de Cardiologia (AHA), que será replicada por entidades brasileiras.

COMPORTAMENTOS E FATORES DE RISCO PARA A SAÚDE


Divulgada nesta quarta-feira (29), a nova versão do Lifes’s Simple, criado em 2010 e que reúne métricas de comportamento e fatores de risco para a saúde, incorpora os problemas de sono pela primeira vez. A atualização foi feita com base em mais de 2.400 estudos científicos.


Para os adultos, a recomendação é de sete a nove horas de sono.


Até então, a diretriz incluía sete fatores de risco:


Segundo a AHA, 80% das doenças cardiovasculares são evitáveis, ou seja, estão ligadas à dieta e estilo de vida. Essas são as doenças que mais causam mortes no Brasil.


“A nova métrica de duração de sono reflete as últimas descobertas de pesquisas: o sono impacta a saúde em geral, e pessoas que tem padrões de sono mais saudáveis gerenciam melhor outros fatores de saúde. Por exemplo, peso, pressão sanguínea e risco de diabetes tipo 2 de modo mais eficiente”, disse Donald Lloyd-Jones, presidente da AHA, ao anunciar a recomendação, nesta quarta (29).

SONO


A curta duração ou má qualidade do sono está associada à pressão alta, colesterol elevado e aterosclerose, o que aumenta as chances de eventos cardiovasculares, como infarto e AVC.


De acordo com o cardiologista Luciano Drager, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e que preside a Associação Brasileira do Sono, os distúrbios do sono, como privação e apneia, estão impactando em muito a saúde e a qualidade de vida das pessoas.


“Elas estão desenvolvendo desde problemas de memória, cognição, performance no trabalho, além das consequências cardiometabólicas.”


Ele afirma que, durante a pandemia de Covid-19, houve do aumento dos casos de transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Bem como dos hábitos não saudáveis de alimentação e estilo de vida. Resultando, assim, em muito prejuízo à saúde do sono.


“As pessoas ficaram muito conectadas nas redes sociais, ficaram nas plataformas de streaming até tarde, mudando o padrão do sono e piorando a qualidade de vida e a saúde.”


Isso tudo, portanto, elevou a importância do sono ao mesmo patamar da dieta adequada, da atividade física, do controle da glicemia e do colesterol, entre outros.


Ainda de acordo com Drager, as sociedades de cardiologia e do sono vão encampar a nova diretriz da AHA e iniciar campanhas e outras ações preventivas.


“A gente precisa reconhecer os distúrbios do sono de forma mais precoce, acabar com o mito que de que dormir é perder tempo.”

O SONO EM CADA ETAPA DA VIDA


Ele lembra que em cada etapa da vida os distúrbios do sono podem ter causas diferentes. Entre os idosos, por exemplo, há o impacto das doenças crônicas e do uso de várias medicações que podem influenciar o sono.


Já entre os mais jovens, desde o hábito de ficar até tarde nas mídias sociais como uso de substâncias estimulantes.


“Eles estão ampliando também as recomendações para a infância. É no sono que a criança desenvolve o cérebro, consolida a memória, o aprendizado e tem papel na imunidade. Quanto antes um estilo de vida saudável for adotado, há evidências de que se previne doenças no adulto.”


De acordo com as recomendações da AHA, para:

A IMPORTÂNCIA DO SONO


Durante o sono, o corpo repara células danificadas e fortalece o sistema imunológico. O que melhora a saúde de modo geral.

RECOMENDAÇÕES PARA DORMIR MELHOR


A entidade recomenda que uma forma de dormir melhor é se afastar dos aparelhos eletrônicos antes de ir para a cama e colocar um alarme para avisar a hora de se deitar. Além disso bloquear o recebimento de notificações durante a noite.


Apesar de recomendar o afastamento do celular, a entidade indica o uso de aparelhos capazes de monitorar a qualidade do sono, como relógios, anéis e os próprios celulares.


Além do sono, houve alteração na recomendação sobre acompanhamento do colesterol. Agora, a orientação é monitorar com mais atenção o índice não-HDL, em vez do colesterol total. Quanto maior este índice, maior o risco de problemas cardiovasculares.


Assim, cada um dos itens gera pontos, que permitem dar uma nota geral para a saúde das pessoas e mostrar como ela pode ser melhorada.

CLÁUDIA COLLUCCI E RAFAEL BALAGO
SÃO PAULO, SP, E WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)

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