A tristeza é um sentimento que faz parte da vida de todas as pessoas. Diante de situações negativas, perdas e frustrações, é normal sentir-se para baixo e chorar. No entanto, quando isso perdura e prejudica a rotina de alguém, há um indício de que seja uma doença: a depressão.
Trata-se de um transtorno mental frequente. Mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofrem com ele em todo o mundo. Se não tratada corretamente, a depressão desencadeia outros problemas, como deficiência no sistema imunológico, dependência química e pensamentos suicidas.
Neste artigo, que contou com a colaboração da dra. Luciana Mancini Bari, médica do Hospital Santa Mônica, você vai saber mais sobre depressão e risco de suicídio em jovens adultos, conhecer os sinais de alerta e como ajudar pessoas nessa situação. Continue lendo!
Por que depressão e suicídio são assuntos desconfortáveis para os jovens?
Apesar de ser comum, a depressão ainda é um tabu, principalmente entre jovens. Por ser pouco falada, muitos não entendem que se trata de uma doença que tem cura e precisa ser tratada. Não é raro ver jovens relacionando-a à fraqueza e à fragilidade e não a alterações químicas no organismo, que é o que realmente acontece.
É por isso que ainda é um assunto desconfortável para os jovens adultos e pode passar despercebida. Para evitar que isso aconteça, as pessoas à sua volta devem estar atentas aos sinais da doença e prontas para intervir quando for necessário, conversando e orientando a buscar ajuda profissional.
Essa resistência em assumir e o problema e buscar ajuda é vista, principalmente, nos homens: 20% deles acreditam que a depressão masculina é um sinal de fraqueza, enquanto 21% dizem que não tomariam antidepressivos mesmo após recomendação médica.
Esses números são de uma pesquisa encomendada por um laboratório farmacêutico que também aponta que 55% dos homens acham que atitudes positivas e alegria são suficiente para lidar com chateações.
Esse desconhecimento sobre o tratamento para depressão é outro fator que prejudica o entendimento da doença pelos jovens. Eles acham que o uso de medicamentos e acompanhamento psicológico prejudicam seu desempenho sexual e profissional — o que nem sempre acontece.
Quais são as causas de depressão entre esse público?
Não existe um motivo único que leve à depressão, independentemente da idade do paciente. A genética é um dos fatores de risco e pode determinar se uma pessoa tem ou não tendência a desenvolver a doença, mas outros fatores funcionam como gatilhos, como a pressão da vida moderna e as expectativas colocadas nos jovens pela sociedade e pela família.
Um artigo publicado na Action Mental Health aponta que a grande quantidade de informações que o jovem recebe pode trazer necessidades e desejos irreais e assim causar grandes frustrações. Esses desejos geralmente estão relacionados a bens de consumo, ao corpo e ao comportamento. Os que não atingem esses patamares almejados ou se sentem diferentes podem desenvolver problemas de autoestima e depressão.
As relações sociais também interferem diretamente na saúde mental dos jovens. Pessoas que sofreram ou conviveram com abusos ou bullying, tiveram sua intimidade exposta após a prática do sexting, que têm muitos conflitos familiares ou dificuldades de manter relacionamentos saudáveis também tendem à depressão. Outros fatores que desencadeiam a doença são dificuldades financeiras, perdas de pessoas queridas ou do emprego, ganho de peso e outros acontecimentos negativos.
Como identificar depressão e risco de suicídio em jovens adultos?
O índice de suicídio entre os jovens vem crescendo a cada ano. Uma das principais causas disso é a falta de tratamento para depressão, associada a conflitos internos, falta de perspectiva para o futuro e influência de filmes e séries.
Para ajudar, os pais e pessoas próximas devem saber reconhecer os principais sinais de depressão e risco de suicídio em jovens adultos. Assim, mesmo que eles não falem abertamente sobre o tema e não busquem ajuda voluntariamente, terão a opção de contar com ajuda quando for necessário. A seguir, listamos alguns sinais de alerta.
Introspecção
Os jovens tendem a minimizar ou negar os efeitos da depressão. Isso pode fazer com que se afastem da família e dos amigos em uma tentativa de esconder a doença, com medo de serem julgados ou sentirem vergonha.
Mudanças no humor
Um dos principais sintomas da depressão é a mudança brusca no humor. O paciente se sente irritado com mais facilidade, sente raiva e reage exageradamente a situações negativas. É normal ter sentimentos ruins, mas eles devem ser passageiros. A permanência dessas sensações indica a necessidade de buscar ajuda profissional.
Alterações no padrão alimentar e do sono
O jovem com depressão também apresenta alterações na sua rotina alimentar. Ele pode tanto passar a comer mais como menos, o que leva a rápidos ganho ou perda de peso. As mudanças no padrão do sono também acontecem nos dois sentidos: tanto a insônia como o sono em excesso indicam a enfermidade.
Cansaço
Vontade de passar o dia todo na cama, não fazer nada e sentir-se cansado mesmo após horas de sono são sintomas de depressão. Além disso, os pacientes costumam perder o interesse por atividades que antes consideravam prazerosas.
Dificuldade de concentração
Uma das consequências da depressão é a diminuição da capacidade do cérebro de processar informações. Isso prejudica a concentração no trabalho, nos estudos e em demais atividades que fazem parte do dia a dia. Em estágios mais avançados, o paciente também apresenta diminuição na velocidade da fala, movimentos e pensamentos.
Ideação suicida
Pensamentos sobre suicídio são perigosos e devem acender o sinal vermelho. Se você estiver desconfiado de que uma pessoa sofre de depressão e a ouve falar sobre tirar a própria vida, procure ajuda imediatamente.
Como ajudar quem tem essa doença?
A depressão precisa de tratamento médico. Por isso, sempre que houver desconfiança em relação à sua existência, é necessário buscar apoio profissional. O Hospital Santa Mônica é uma instituição especializada em saúde mental e conta com uma equipe multidisciplinar especializada pronta para ajudar em casos como esses.
Além do auxílio profissional, também é essencial que o paciente conte com uma rede de apoio, com familiares e amigos dispostos a ajudá-lo. Estar disponível para conversar e ouvir é uma das coisas mais importantes que as pessoas próximas podem fazer por quem tem depressão.
Pesquise sobre a doença e cuide ainda da sua própria saúde mental. Conviver com pessoas depressivas não é uma tarefa fácil e você precisa se fortalecer para ajudá-las. A depressão e o risco de suicídio em jovens adultos são perigosos e precisam ser encarados com seriedade, por isso não pense que apenas palavras de incentivo e uma atitude positiva são suficientes para o paciente.