Muito já se falou sobre a transformação digital e as vantagens da tecnologia para melhorar os negócios. Porém, ainda existem muitas empresas que não mudaram o seu modelo e preferem continuar a ser analógica. Algo similar acontece com o trabalho à distância. Ainda é necessário lutar para que o home office seja aceito na mesma proporção que o trabalho do escritório. Pelo menos foi assim até a recente aparição do Coronavírus, que colocou o mundo de cabeça para baixo.
Um bom número de empresas já estava estreitando sua relação com o ecossistema digital e, portanto, são essas que podem transitar nesta crise com um pouco mais de calma. Entretanto, aquelas cuja relação com as novas tecnologias é distante, se encontram perdidas no chamado “transtorno digital”, ou seja, não conseguiram se digitalizar a tempo.
Se há algumas semanas a tensão entre o mundo online e offline era apenas uma ameaça, hoje é diferente. Comprar online, pagar via home banking, se comunicar por meio de plataformas virtuais ou aplicativos, usar chats para serviços, trabalhar no modelo remoto e até se exercitar por meio de streaming passaram a ser a única opção.
As causas desse transtorno digital são as mesmas: o inimigo dos taxistas já não é o Uber, o dos cinemas não é a Netflix e o das agências de turismo já não é o TripAdvisor. Hoje, o Coronavírus é o inimigo comum que marca uma clara mudança de rumo.
“A boa notícia é que não estamos perdidos. Existem maneiras de se adaptar e de gerar alternativas até, agora, inéditas. Temos a tecnologia que a economia siga funcionando”, explica Pablo Azorín, CTO e cofundador da BairesDev, a empresa de desenvolvimento de software de maior crescimento e reconhecimento da América Latina
“Não há dúvidas que hoje estão mais bem posicionados aqueles que já estavam preparados para essa conjuntura, mas isso não significa que não há tempo para se adaptar”, resume Azorín, cuja empresa tem um modelo de trabalho flexível que permitiu que a produtividade não diminuísse, mas, pelo contrário, pôde receber sem demora a enxurrada de novos desenvolvimentos que as empresas demandam diante da crise.
“Nessas últimas semanas houve um aumento da demanda de empresas que querem desenvolver aplicações, plataformas, além de alternativas para manter vivo o seu negócio”, acrescenta o porta-voz da BairesDev, que oferece um sistema de Delivery Teams pelo qual as companhias obtém sua própria equipe de engenheiros especializados de maneira remota e efetiva.
“Nós mesmos nascemos em uma crise, a de 2009. O mundo estava sumido em uma recessão e todos estavam focados em minimizar o dano, mas, vimos nela uma oportunidade”, conta sobre o momento em que decidiram apostar no talento de TI que havia na América Latina. “Estávamos convencidos de que os engenheiros regionais têm potencial suficiente e tínhamos razão. O que nos diferenciou é que nós apostamos, inclusive, com a maré contra.”
E, embora o contexto de 2009 seja diferente do atual, há alguns itens em comum: há 11 anos havia uma necessidade crescente de desenvolver soluções digitais que batessem de frente com a crise financeira que trouxe muitas necessidades econômicas para as empresas.
“Entendemos que podemos prover os engenheiros talentosos que o mercado requer a preços mais competitivos e com o plus de que só a América Latina pode oferecer: profissionais altamente capacitados, com experiência, com fusos horários similares aos das empresas dos EUA e Europa e com mínimas diferenças culturais”, detalha.
Segundo ele, o Coronavírus e a crise que surgiu em decorrência dele, podem ser a oportunidade que muitas empresas necessitavam para entender que outra maneira de trabalhar é possível, que é possível implementar novas rotinas que sejam tão produtivas como antes, e que sejam benéficas em relação a custos. “Nós sabemos que é possível porque, é assim que temos trabalhado há 11 anos. Nascemos com essa mentalidade. É parte do nosso DNA”, afirma.
Criatividade e tecnologia
Hoje a tecnologia permite desenvolver novas alternativas. A IA e o Machine Learning, por exemplo, são ideais para o desenvolvimento de melhores chatbots para a atenção ao cliente, evitando crises maiores e multiplicando a capacidade de trabalho e atenção dos agentes humanos.
Assim como hoje ninguém colocaria em dúvida a utilidade do e-commerce, ou do streaming e plataformas de entretenimento que fazem a quarentena ser mais leve, muitas empresas deveriam levar a sério o desenvolvimento de aplicações.
É certo que o mercado de aplicativos parece completamente saturado: existem mais de 2.470.000 milhões no Google Play e cerca de 1.800.000 na App Store de Apple (fonte: Statista).
“Uma aplicação só pode se destacar se for completamente inovadora ou indispensável”, destaca o porta-voz da BairesDev. E detalha quatro maneiras de lançar um aplicativo hoje:
Site na Web responsivo: é a opção mais simples e rápida, acessível desde o navegador de qualquer dispositivo. Se adapta a qualquer tela e sistema operacional.
PWA (Progressive Web Application): uma alternativa muito mais em voga devido à sua adaptabilidade a uma grande variedade de casos Uma PWA é um site na web com serviços programados em JavaScript, mas que, à primeira vista parece um app.
Aplicações híbridas: são os aplicativos tradicionais, mas necessitam de um único código fonte para desenvolver suas versões para iOS e Android. Assim, a manutenção, a correção de erros e as novas funções ocorrem mais rapidamente.
Aplicações nativas: é a opção mais clássica, está programada em linguagem própria (“nativa”) de cada plataforma, por isso, é necessário fazer pelo menos 3 desenvolvimentos distintos: web, Android y iOS. Sua vantagem é oferecer uma experiência de usuário e performance superior e aproveitar ao máximo as possibilidades de cada dispositivo.
“Como costuma ocorrer em qualquer crise, essa pandemia nos desafia a repensar e encontrar maneiras criativas de avançar. Os CEOs, líderes, tomadores de decisões e empreendedores necessitam abandonar sua zona de conforto e começar a vislumbrar novas maneiras de fazer as coisas. Necessitamos inovar, abrir a mente a novas ideias e diversificar equipes e métodos de trabalho para podermos ter uma resposta positiva para essa crise e, finalmente, convertê-la em oportunidade”, finaliza
Por Estadão Conteúdo