O Brasil atualmente é o 1º importador e consumidor de carne de tubarão em escala mundial. Isso porque, em alguns países asiáticos, as barbatanas de tubarões são muito apreciadas na culinária com apelo afrodisíaco, chegando a custar mais de mil dólares por quilo. Uma vez que é proibido cortar as nadadeiras do animal e devolver seu corpo ao mar, muitas vezes ainda vivo (prática conhecida como finning), o restante da carne, que não é de interesse para a grande maioria dos países.
Nos últimos anos, políticas foram implantadas ao redor do mundo (incluindo no Brasil) proibindo a prática cruel do finning, que consiste na retirada e venda apenas das nadadeiras dos tubarões, descartando os corpos no oceano, muitas vezes ainda com vida. No entanto, o crescente consumo de carne de cação em países em desenvolvimento como Brasil e México, têm permitido a continuidade do comércio de nadadeiras, tornando esses países como “lavanderias de barbatanas de tubarão”.
Para agravar a situação, no Brasil não é exigida a rotulagem correta em nível de espécie para tubarões e raias. Nesse caso as espécies são importadas e consumidas apenas como ‘cação’, e algumas vezes erroneamente identificadas como tubarão-azul (Prionace glauca). Isso faz com que muitas espécies criticamente ameaçadas e proibidas de comercialização – como os tubarões-martelo e raias-viola – sejam livremente comercializados sem nenhuma fiscalização. Além disso, a carne de cação tem um preço atrativo para o consumidor, em comparação a outros peixes marinhos, exatamente por virem de pesca indesejada, ou como ‘restos’ do comércio de barbatanas.
“Aqui, a indústria pesqueira internacional encontra um forte comércio desses peixes, muito apreciados por não possuírem espinhas e ter preço acessível. Existem estudos que dizem que mais de 70% das pessoas não sabem que o ‘cação’ é carne de tubarão – e muitas vezes, este é vindo de fora.” explica Nathalie Gil, diretora de desenvolvimento da Sea Shepherd Brasil.
O tubarão é um animal de topo de cadeia, e sua morte gera um desequilíbrio em todo ecossistema marinho. Além disso, a carne de tubarão pode ser danosa para nossa saúde. Como é um predador, por um processo de bioacumulação, ele agrega metais pesados, que ingeridos além da conta, essas substâncias podem causar danos para a nossa saúde.
A campanha CAÇÃO É TUBARÃO da Sea Shepherd Brasil visa entender como e onde os tubarões e raias estão sendo comercializados no Brasil, quais espécies eles são e de onde elas estão vindo, visando alertar a sociedade acerca desta prática e auxiliar na informação para a influência de iniciativas governamentais.
Ciência Cidadã
Como parte da campanha CAÇÃO É TUBARÃO, a Sea Shepherd Brasil propõe a condução de um estudo científico baseado na coleta de informações via ciência cidadã e análise genética com o objetivo de mapear a extensão do comércio da carne de tubarões e raias pelo Brasil e finalmente identificar as espécies envolvidas nesses comércio e seus nomes regionais.
A campanha também fará registro visual e fotográfico de tubarões e raias em desembarques (portos/ feiras litorâneas, pescas artesanais) e coletará amostras para análise genética em pelo menos 20 cidades de cada uma das cinco regiões do país.
“A campanha CAÇÃO É TUBARÃO irá expandir nosso conhecimento sobre o comércio de tubarões e raias. Conseguiremos, de forma simultânea, conscientizar a população e coletar dados extremamente importantes sobre a extensão do comércio de tubarões e raias no Brasil” , comenta Bianca Rangel, cientista líder da campanha.
#SHARKWEEK
A Sea Shepherd Brasil lança nesta segunda-feira 12/07 a nova campanha durante a #SHARKWEEK, uma série de lives (de 12 a 16 de julho, semana comemorativa ao Dia Mundial do Tubarão -14.07). Confira o line up abaixo acesse @seashepherdbrasil no instagram e programe-se:
Dia 1 (12/07): Campanha Cação é Tubarão
Nathalie Gil – Diretora de Desenvolvimento
Bianca Rangel – Cientista líder da campanha
Dia 2 (13/07): Desmistificação dos tubarões
Otto Gadig – especialista em tubarões e raias (professor UNESP São Vicente)
João Tubarão – ativista pelos tubarões
Dia 3 (14/07): Consumo da carne de tubarões
Rodrigo Barreto -Pesquisador associado Cepsul – ICMBio
Ana Paula Martins – Pesquisadora Pós-Doc Dalhousie University
Dia 4 (15/07): Genética da conservação
Vanessa Paes -Pesquisadora Pós-Doc UNESP-Botucatu
Marcela Alvarenga -Geneticista, MSc UFRJ
Rodrigo Domingues: Geneticista, Pesquisador Pós-Doc UNIFESP-Santos
Dia 5 (16/07): Avaliação de espécies ameaçadas IUCN
Patricia Charvet – representante regional da América do Sul Oriental do Shark Specialist Group IUCN
Sobre a Sea Shepherd:
A Sea Shepherd é reconhecida globalmente como a organização mais poderosa e passional da proteção da vida marinha e dos oceanos. Estabelecida em 1977 pelo capitão Paul Watson, a organização sem fins lucrativos está na missão de defender, proteger e conservar os oceanos e a vida marinha. Ela conta com a maior marinha privada do mundo, e lidera campanhas colaborativas de ação direta ‘Pelo Oceano’. No Brasil ela está presente desde 1999, e conta hoje com ações diretas de limpeza de praias, proteção de cetáceos e de educação ambiental para comunidades menos privilegiadas. Para mais informações sobre a Sea Shepherd Brasil e suas campanhas por aqui, por favor, visite o site www.seashepherd.org.br.