Abril Azul: cannabis medicinal como alternativa terapêutica no tratamento do autismo
Médica e coordenadora da Human SA, Ana Caroline Santana, ressalta o crescimento do mercado de cannabis medicinal e destaca a necessidade de médicos especializados

O mês de abril é um marco importante para a conscientização sobre o autismo, uma condição que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Conhecido como Abril Azul, o mês traz à tona a importância de compreender o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e apoiar a inclusão e os direitos das pessoas com essa condição.
Uma das questões que tem ganhado destaque nos últimos anos é o uso da cannabis medicinal como uma alternativa terapêutica para portadores de TEA, uma opção que tem mostrado resultados promissores no alívio de sintomas associados ao transtorno. Segundo a psiquiatra Ana Caroline Santana, Coordenadora da pós-graduação de Medicina Endocanabinoide da Human SA,
“No contexto do TEA, a terapia à base de cannabis é segura e eficaz, capaz de reduzir sintomas como agressividade, hiperatividade e distúrbios do sono, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes e de seus cuidadores”.
Cannabis medicinal como alternativa terapêutica no tratamento do autismo
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Hospital Universitário de Brasília, cerca de 70% das crianças e adolescentes com autismo têm mostrado benefícios significativos com o uso de cannabis medicinal, especialmente no que diz respeito ao controle de comportamentos agressivos, ansiedade e distúrbios do sono. Essa pesquisa reforça a importância da cannabis como uma ferramenta terapêutica no manejo de sintomas que muitas vezes são difíceis de tratar com métodos convencionais.
Mercado de cannabis medicinal
Embora o uso de cannabis medicinal tenha demonstrado eficácia em diversos estudos, um dos maiores desafios enfrentados pelos pacientes e suas famílias é a carência de médicos prescritores dessa terapia. A regulamentação do uso de cannabis no Brasil ainda é um tema em evolução, e muitos profissionais de saúde ainda têm resistência ou falta de informação sobre o potencial terapêutico da planta. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) de São Paulo já distribua o canabidiol (CBD) para alguns tipos de doença.
De acordo com o levantamento realizado pela Kaya Mind, o mercado de cannabis medicinal no Brasil tem mostrado um crescimento expressivo. Em 2023, o setor movimentou R$ 699 milhões, e em 2024, esse número subiu para R$ 853 milhões, representando um crescimento de 22%. As projeções para 2025 indicam que o mercado pode superar a marca de R$ 1 bilhão, refletindo o aumento da demanda por tratamentos à base de cannabis, não apenas para pessoas com autismo, mas também para outras condições como epilepsia, dor crônica e doenças neurodegenerativas. Esse cenário tem gerado uma grande demanda por médicos qualificados e dispostos a prescrever o tratamento com cannabis.
“Esse crescimento do mercado de cannabis medicinal apresenta uma oportunidade significativa para médicos que desejam se especializar nesse campo. A falta de profissionais qualificados para prescrever cannabis medicinal significa que há espaço para a atuação de médicos, especialmente aqueles com interesse em tratamentos inovadores e personalizados para pacientes com TEA e outras condições. Com o aumento da aceitação e do conhecimento sobre os benefícios da cannabis, a tendência é que o mercado continue a expandir, criando novas possibilidades para profissionais da saúde e oferecendo uma alternativa terapêutica valiosa para aqueles que enfrentam os desafios do autismo” afirma a médica psiquiatra.
Em um momento de reflexão e conscientização como o mês de abril, é fundamental discutir os avanços no tratamento do TEA e a importância de se abrir a novas abordagens terapêuticas, como a cannabis medicinal. A evolução do mercado e o crescente número de pacientes em busca dessa terapia mostram que a inclusão de novos profissionais e o apoio a esse tipo de tratamento podem proporcionar benefícios reais para aqueles que vivem com o autismo, melhorando a qualidade de vida e trazendo uma nova esperança para muitas famílias.