Arie Halpern: biodiversidade precisa de metas para reverter extinção de espécie
O mundo está em meio a uma crise de biodiversidade. Aves, mamíferos e anfíbios estão se extinguindo entre 100 e 1.000 vezes mais rápido do que em milhões de anos antes dos humanos começarem a dominar o planeta. Nos últimos 500 anos, mais de 800 espécies foram extintas, de acordo com dados da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
Atualmente, não há um asteroide gigante como justificativa. Os humanos transformam o planeta para garantir a sobrevivência, mas ao ultrapassar alguns limites, está ameaçando a vida de outras espécies e a biodiversidade.
Em sua mais recente reunião, os delegados da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade tentaram chegar a um acordo sobre um novo conjunto de metas globais para conter os efeitos negativos sobre a biodiversidade global. Algo similar ao Acordo de Paris. Metas que serão debatidas e finalizadas na próxima reunião em abril de 2022.
O primeiro rascunho do chamado Quadro de Biodiversidade Global Pós-2020 define quatro metas principais a serem alcançadas até 2050, juntamente com 21 metas mais específicas que serão avaliadas em 2030.
A primeira meta inclui compromissos para reduzir as extinções em 10% de seus níveis atuais até 2050 e para interromper ou reverter o aumento atual na taxa de extinção até 2030. Outras metas incluem a redução da introdução de espécies invasoras em 50 por cento e reduzir pela metade o escoamento de fertilizantes das fazendas até 2030.
No entanto, há grande complexidade envolvida. Alguns especialistas questionam como será possível reduzir os níveis de extinção e não há certeza sobre quantas espécies estão sendo extintas no momento. E as taxas de extinção variam muito entre os diferentes grupos de espécies. É difícil estabelecer uma métrica simples.
Ter uma meta é o primeiro passo
Como foi aprendido com a questão das mudanças climáticas, ter um objetivo a atingir é só o começo, mas é um passo importante. As emissões globais de gases de efeito estufa ainda não atingiram o pico e, mesmo levando em consideração as metas atuais de zero emissões, a projeção é que o a temperatura aumente cerca de 2,1 graus até 2100, em comparação com os níveis pré-industriais. Acima da meta do Acordo de Paris de limitar o aumento de temperatura a 1,5 grau.
Uma das metas propostas que já ganhou impulso é “30 por 30”, garantir que pelo menos 30 por cento das áreas terrestres e marítimas estejam sob conservação até 2030.
Embora ainda haja dificuldades, há sinais de que é possível reverter a crise da biodiversidade. Muitos dos principais pontos de biodiversidade do mundo também são importantes capturadores de carbono, o que significa que os esforços para conservar o carbono também preservarão habitats cruciais.