Um indígena de 20 anos se apresentou à polícia do município de São Vicente, no litoral de São Paulo, para confessar o estupro contra uma menina de apenas 5 anos, sua vizinha na aldeia Paranapuã, que fica no Parque estadual do Xixová.
CRIANÇA INDÍGENA DE 5 ANOS FOI ESTUPRADA POR VIZINHO INDÍGENA DE 20 ANOS
O crime ocorreu na quarta-feira (19) durante uma reunião entre os indígenas. A mãe encontrou a menina no chão com sangramento na região genital.
Houve o resgate da pequena pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Ela foi para o pronto-socorro e, em seguida, transferida para o Hospital Municipal de São Vicente, onde precisou passar por uma cirurgia para conter o sangramento. Agora, permanece internada no Hospital do Vicentino, se recuperando dos ferimentos.
DEPOIMENTO
Agentes da Polícia Civil colheram seu depoimento no hospital, na presença de uma assistente social. Em seguida, ao contar sobre a violência que sofreu, a criança acabou identificando o suspeito.
De acordo com o boletim de ocorrência, o médico que fez o exame de corpo de delito confirmou as lesões por estupro no corpo da menina.
O jovem, que não foi identificado, procurou na sexta-feira (21) a delegacia sede do município após um “cerco” feito pelos policiais, que passaram a segui-lo nos locais que frequentava. Depois, convencido pelo cacique da aldeia, que já desconfiava dele, decidiu se entregar.
INDICIADO POR ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Na Delegacia de Defesa da Mulher, ele confessou o crime e foi indiciado por estupro de vulnerável, segundo a Polícia Civil.
Com prisão temporária de 30 dias decretada já no dia anterior à detenção, ele agora aguardará julgamento em uma unidade penitenciária. O caso tem o acompanhamento do Conselho Tutelar.
A Secretaria de Saúde de São Vicente informou, em nota, que, “de acordo com o Artigo 73 do Código de Ética Médica, os profissionais de saúde são proibidos de “revelar fato de que tenha conhecimento em virtude de exercício de sua profissão. Salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente”.
PRESSÃO DO CACIQUE
Ronildo Amandios, cacique da aldeia Paranapoã, disse à reportagem que o suspeito sempre foi um jovem muito “problemático”, com comportamento errante, que piorava quando ele consumia álcool em excesso. O rapaz, ainda de acordo com o líder da aldeia, seria alcoólatra.
“Infelizmente as maiores suspeitas estavam sobre esse rapaz e pelo relato dele não tem muitas dúvidas. Agora aguardamos o resultado do inquérito”, afirmou.
De acordo com Ronildo, a pequena comunidade guarani da aldeia, com 46 indígenas, está muito abalada com a situação. No entanto, ele afirma que a prisão do suspeito amenizou um pouco a indignação dos vizinhos e parentes.
“Como é um caso que ocorreu pela primeira vez na aldeia, abalou a todos nós, moradores. Agora estamos nos recuperando do choque e aguardando o retorno da bebê, para recebê-la com carinho, alegria e amor”, declarou.
“Sabemos que ela vai carregar esse trauma para a vida toda e agora precisamos dar apoio incondicional a ela e seguir na luta para melhorar as condições de vida da comunidade que é tão carente de atenção, principalmente na questão da luta pelo reconhecimento do território reocupado pelo meu povo guarani mbyá”, disse o cacique.