O virologista Luc Montagnier, um dos responsáveis por descobrir o vírus da Aids, morreu, na terça-feira (8), aos 89 anos, no Hospital Americano em Neuilly-sur-Seine. A informação é do jornal francês Le Monde. Ele venceu o prêmio Nobel de Medicina em 2008.
Não há informações sobre as circunstâncias e causa da morte.
No ano passado, Montagnier virou notícia ao afirmar que as vacinas contra covid-19 estavam causando as novas variantes do coronavírus.
A afirmação é enganosa, garantem especialistas, e esta não é a primeira vez que Montagnier exibe publicamente sua oposição às vacinas. Ao contrário do que disse o prêmio Nobel, a imunização reduz as chances de aparecimento de variantes mais perigosas do coronavírus.
ANTIVACINA
Há vários anos, desde que passou a propagar teses antivacinas, Montagnier é alvo de críticas e protestos de seus pares. Em 2017, a imprensa francesa já falava no “naufrágio científico” de Montagnier. Na época, ele lançou uma campanha ao lado de um colega que tinha sido excluído da Ordem dos Médicos, o professor Henri Joyeux, por comentários contra a vacinação infantil.
Em uma apresentação, em Paris, Montagnier disse que a imunização preventiva para evitar doenças infectocontagiosas “era um veneno para as gerações futuras”. Fato raro na profissão, 106 membros da Academia Francesa de Medicina publicaram uma carta aberta se posicionando contra o vencedor do Nobel e reafirmando os amplos benefícios da vacinação.
Mesmo em sua área de pesquisa, Montagnier já fez declarações controvertidas. Em 2009, ele disse num documentário que era possível se expor várias vezes ao vírus HIV, que provoca a Aids, sem ser infectado de forma crônica.
TRAJETÓRIA
Luc Montagnier nasceu em 18 de agosto de 1932 em Chabris, na França. Ele foi nomeado assistente na Faculdade de Ciências de Paris em 1955, antes de concentrar sua pesquisa em vírus animais, em particular aqueles cujo patrimônio genético consiste em RNA e em links que possam existir entre esses vírus e processos cancerígenos.
Em 1972 criou a unidade de oncologia viral no novo departamento de virologia do Institut Pasteur em Paris. Em 1983, ele descobriu, com seus colaboradores Jean-Claude Chermann e Françoise Barré-Sinoussi, o HIV.