Investimentos em startups da América Latina: investidores ficarão mais seletivos


Por Dino

Crédito: DINO

Apesar de ter registrado o menor valor de captação de recursos em startups, o número de rodadas de investimentos na América Latina bateu recorde no final do ano. Em novembro, 137 aportes foram fechados, segundo o relatório mensal da Sling Hug, startup brasileira que possui inteligência de dados e trabalha com a atualização de cadastros e informações sobre empresas e investidores, além de apresentar números sobre as atuações em inovação dentro da América Latina.

Jennifer Chen, especialista em conexões entre empresas e investidores e CEO da JC Capital, revela que alguns fatores podem explicar essa desaceleração no ritmo de aportes em startups, entre eles, a economia global, a pandemia de covid-19, o cenário de Guerra na Ucrânia, e também a alta da taxa de juros.

Ela ainda afirma que todos esses fatores fizeram os investidores de startups ficarem ainda mais seletivos em relação ao aporte. “Com a virada do ano e com esse cenário político tomado de incertezas, os aportes vão ser mais seletivos, haverá uma concentração maior de investimentos nas empresas mais consolidadas ou com soluções inovadoras”, diz a especialista.

Outras formas de captação de recursos

Mesmo com os diversos fatores e os dados apresentados no final de 2022, ainda é possível imaginar como será o cenário para as startups durante o ano de 2023. Segundo Jennifer, para continuar captando recursos, essas empresas terão que procurar outras opções.

Além do venture capital (investimento de risco, com foco em ajudar na expansão e abertura de capital de empresas de pequeno porte que possuem potencial para crescimento), existem mais alternativas disponíveis. Caso seja para uma early stage (empresa que está em estágio inicial), é possível apostar em outras opções de investimentos. Essa captação pode ocorrer de várias formas, entre elas, o crowdfunding, onde várias pessoas se reúnem para financiar um projeto ou por meio de um investidor anjo, representado por uma pessoa ou empresa que se interesse pela proposta da startup.

Jennifer destaca como opção o private equity, que é uma forma de investimento fechado (como o próprio nome sugere), onde acontece uma estratégia de investimento direto, feito por grandes investidores em empresas de capital fechado.

Sendo assim, esse aporte ocorre em empresas que não possuem capital aberto no mercado de ações e que não podem financiar suas operações. Sua modalidade de investimento direto e alternativo permite gerar grandes resultados e ter participação dentro deles.

“No final de 2022 eu fiz uma operação com uma fintech e trouxe um sócio investidor que entrou com equity. Eu acredito muito nesse tipo de operação para captar recurso”, comenta Chen.

Além disso, a especialista também destaca outro ponto de atenção para as startups que querem conseguir investimento. “É muito importante a startup cuidar da saúde financeira e contábil da empresa, pois os investidores se atentam muito a essa questão antes de tomar a decisão de investimento”, diz.

Brasil no cenário latino-americano

Segundo levantamento realizado pela Sting Hub em 2021, o Brasil é o país que concentra o maior percentual de startups da América Latina, e se destaca entre os demais. Cerca de 60% dos unicórnios (nome dado a startups de capital fechado cujo valor de mercado é avaliado em mais de US$ 1 bilhão) latino-americanos são do Brasil, seguido por Argentina (17%) e México (11%).

Jennifer ainda destaca que a expansão de startups não precisa se concentrar apenas na América Latina, mas sim, de forma global. “O Brasil é um oceano de oportunidades em diversos segmentos, como agronegócio, área de construção, educação, finanças, e pode gerar muitas chances dentro da área de tecnologia e inovação”, afirma a especialista.

O setor de fintech foi o que mais teve destaque na América Latina em 2022, e é grande aposta para 2023. Apesar disso, Jennifer acredita que deve haver equilíbrio de recursos entre as startups de outros segmentos, como gestão, logística e serviços.

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