21 de dezembro de 2024

SP fecha escolas, restringe comércio, proíbe cultos, futebol e terá toque de recolher

Retirada de produtos e refeições será proibida, delivery continua. Lojas de materiais de construção vão fechar e haverá toque de recolher a partir das 20h. Começa na segunda.


Por Folhapress Publicado 11/03/2021
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Sob risco de colapso em seu sistema de saúde, devido à escalada da transmissão do coronavírus, o estado de São Paulo entra no sábado (13) numa nova fase emergencial de seu plano de abertura econômica da pandemia.


O pacote incluirá um fechamento de colégios estaduais por 15 dias. As escolas seguirão parcialmente abertas para atender alunos vulneráveis que precisem de alimentação. Na rede privada, isso será opcional, mas as regras que limitam a 35% de ocupação seguem valendo.


Haverá restrição do funcionamento de supermercados até as 20h – como serviço essencial, eles têm horário liberado na fase vermelha, a mais restritiva, em vigor desde o sábado (6).


Serão excluídas dessas classificação lojas como as de material de construção, que terão de fechar. Cultos religiosos, que haviam sido permitidos na última reclassificação do chamado Plano SP, serão suspensos.


Jogos de futebol seguirão o mesmo caminho, salvo alguma mudança de última hora. Escritórios terão suas atividades presenciais vetadas. Inicialmente, tudo isso valerá por uma semana.


Foi criado um Comitê de Emergência da crise, liderado pelo atual secretário-executivo do Centro de Contingência da Covid-19, João Gabbardo. Ele terá poderes de coordenação sobre o sistema de saúde, em conjunto com o secretário da área, Jean Gorinchteyn.


O titular da Saúde vem sendo criticado internamente no governo por declarações consideradas apressadas, como a defesa do fechamento de escolas na semana passada. Já Gabbardo, egresso da equipe de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, é estrela em ascensão.


Hoje o centro, com 20 especialistas e autoridades, tem caráter consultivo. Há sempre divisão no colegiado, com médicos pedindo medidas mais duras, como lockdown, que sofre grande resistência da área política do governo.
O endurecimento das medidas é consequência do colapso em curso no sistema de saúde paulista, um dos mais avançados do país, sob o peso do aumento de casos e óbitos relacionados à circulação de variantes mais transmissíveis e talvez letais do Sars-CoV-2.


O avanço da doença ocorreu mesmo com a implantação da fase vermelha, a mais restritiva e que só permite a abertura de serviços essenciais, que teve pouco efeito sobre o isolamento social no estado.


Na terça (9), apenas 43% dos paulistas estavam isolados, segundo o rastreamento por dados celulares do governo. A nova fase emergencial não terá uma classificação por cor.


Para epidemiologistas, 60% é um índice desejável para coibir a circulação do vírus -índice que nunca foi atingido, fora em alguns dias, desde o começo da pandemia no estado. O Palácio dos Bandeirantes se diz satisfeito se conseguir chegar a 50%.


A Covid-19 galopa pelo país, onde ceifou mais de 2.300 vidas, recorde na pandemia, na quarta (10). Em São Paulo, foram 469 óbitos no dia, após o topo de 517 mortos registrados na véspera.


Ao todo, o estado já teve 62.570 mortes desde o começo da pandemia, declarada como tal há exato um ano pela Organização Munidal da Saúde.


A situação foi definida por Doria como “dramática”. Em duas semanas, o número de pessoas internadas em terapia intensiva salto de 6.657 para 8.872, apontando para uma saturação da rede. O tucano determinou a abertura de novos leitos em regime de urgência, mas o temor é de que eles não cheguem a tempo.
A ocupação de UTIs no estado todo está em 83%, segundo dados do governo, taxa que cai a 67,1% dos leitos de enfermaria. A situação é semelhante na Grande São Paulo, que tem mais gente internada fora da terapia intensiva: 74,9%.


A tragédia sanitária atingiu o país de forma uniforme em 2021, diferentemente de 2020, quando as ondas se sucediam de forma diferente em cada região. São Paulo, como “hub” do país, centro de circulação de pessoas e mercadorias, vinha segurando o risco de um colapso até aqui.


Mas a velocidade maior de transmissão de variantes como a P.1, originária de Manaus, mudou o quadro. Além disso, a evidência empírica é a de que pessoas mais jovens são afetadas, e demoram mais para sair de UTIs, congestionando o sistema.


A falta de comprometimento da população com medidas restritivas em épocas de festas recentes, como Natal e Carnaval, piorou a situação. Há também resistência por parte do comércio não essencial, que tenta driblar as restrições.


Concorre para piorar a situação a lentidão da vacinação, cortesia da falta de iniciativa e coordenação por parte do governo Jair Bolsonaro, ao menos até agora – o presidente prega como convertido, ciente do dano eleitoral que seu negacionismo trouxe, e diz estar atrás de imunizantes.


O problema é que isso deveria ter sido feito há meses, quando laboratórios como o Butantan e a Pfizer ofertaram vacinas ao Brasil. Agora, o mercado vive escassez dos produtos e de seus insumos.