Na semana nacional em que se fala do alerta à população sobre a importância das ações de combate e prevenção à surdez, a equipe de Fonoaudiologia da Santa Casa de Piracicaba ressalta que o Hospital faz a Triagem Auditiva Neonatal, com exame de emissões otoacústicas em 100% dos recém nascidos.
O objetivo é detectar precocemente alterações auditivas e, em casos positivos, realizar exames complementares feitos para uma atuação médica mais assertiva, favorecendo o pleno desenvolvimento da linguagem deste bebê.
De acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência da deficiência auditiva varia de um a seis neonatos para cada mil nascidos vivos e de um a quatro para cada cem recém-nascidos provenientes de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal.
Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) revelam que pelo menos 800 milhões de pessoas sofrem de alguma perda auditiva no mundo. No Brasil, são cerca de 5,8 milhões de pessoas. A cada mil crianças nascidas no País, cinco já nascem com deficiência auditiva.
A causa da surdez pode estar relacionada a diversos fatores, podendo ser o genético, os ambientais ou os decorrentes do envelhecimento. Neste caso, a criança com dificuldade auditiva pode perder estímulos importantes para o seu desenvolvimento. No entanto, apesar dos índices preocupantes, a solução está cada vez mais simples e acessível, por meio de exames preventivos ou ainda da avançada tecnologia dos aparelhos de amplificação sonora. As maiores dificuldades, porém, ainda são a desinformação e o preconceito.
Na Santa Casa, segundo a coordenadora do departamento de Fonoaudiologia, Érica Sbravatti, o exame é realizado antes da alta hospitalar e, no caso de alterações ou fatores de risco para alterações, um reteste é agendado ambulatorialmente.
“Se este segundo teste apontar falha, enviamos carta ao pediatra com sugestão de investigação mais profunda da perda auditiva”, ressalta a fonoaudióloga ao explicar que a equipe também realiza o exame da ‘linguinha’, com a proposta de verificar a anatomia da língua e frênulo lingual que, se alterado, pode prejudicar a sucção, deglutição e, posteriormente, a fala do bebê.
“No caso de perda auditiva, o diagnóstico e conduta devem ser feitos antes dos 2 anos de idade, para que os déficits de linguagem sejam minimizados”, enfatiza Érica.
Ela lembra que, em parceria pioneira na cidade, as equipes de Fonoaudiologia e de Pediatria realizam ainda a frenotomia, procedimento médico para liberação/corte do frênulo lingual antes da alta hospitalar”, ressalta.
A surdez pode ser congênita ou hereditária, ou seja, em decorrência de alterações na formação das estruturas auditivas intra-uterina, por uso, por parte da mãe, de medicações ou substâncias que interfiram nesta formação ou até mesmo doenças adquiridas pela mãe durante gestação, como sífilis ou toxoplasmose.
Bebês prematuros que estiveram em UTI Neonatal também são considerados de risco para perda auditiva, devido ao uso de medicações ototóxicas, ou seja, que podem danificar o sistema auditivo. “Pensando em recém nascidos, a prevenção se faz com o pré-natal, nos exames de rotina, seguindo-se as recomendações médicas; porém, em alguns casos como síndromes e má formações, não é possível prevenir, e sim saber da condição do bebê para que as condutas adequadas sejam tomadas precocemente”, alerta Érica.