O início da tarde do último dia 26 de junho foi dedicado a mais um Encontro Científico promovido pelo CECAN – Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba. O evento focou na integração e qualificação científica de profissionais da área da saúde interessados em ampliar seus conhecimentos e melhorar a assistência a pacientes de Piracicaba e outras 25 cidades da região.
Transmitido também pela plataforma Zoom, os encontros ocorrem sempre na última quarta-feira do mês. Desta vez, a oncologista clínica Katia Cristina Fitas Loureiro discutiu os aspectos do tratamento do câncer de mama metastático RH+/HER2- com o uso do medicamento Kisqali, da Novartis Biociências S.A no Brasil.
Kisqali: um avanço no tratamento do câncer de mama
Katia Loureiro explicou que o Kisqali, de uso oral, é indicado em combinação com um inibidor de aromatase. Esta droga diminui os níveis de estrogênio e é usada para tratar mulheres na pós-menopausa com câncer de mama receptor hormonal positivo e receptor para o fator de crescimento epidérmico humano tipo 2 negativo, avançado ou metastático.
“A Anvisa aprovou o Kisqali como tratamento de primeira linha para câncer de mama, com resultados que aumentam a sobrevida livre de progressão mediana da doença para 25,3 meses, comparado a 16 meses para a monoterapia”, destacou a oncologista. Ela acrescentou que o risco de progressão da doença foi reduzido em 43,2% com a adição de succinato de ribociclibe.
Resultados promissores
Os dados indicam uma redução da carga tumoral e aumento do benefício clínico em pacientes com doença, mostrando resposta superior em todos os subgrupos, independentemente do tipo de metástase ou localização do tumor. Loureiro explicou que o mecanismo de ação do Kisqali bloqueia a atividade de enzimas CDK 4 e 6, que regulam o crescimento e divisão das células. “Ao bloquear as CDK4 e CDK6, o Kisqali retarda o crescimento das células RH-positivas do câncer de mama”, esclareceu.
Mudança de paradigma
Loureiro enfatizou que os resultados com o succinato de ribociclibe indicam uma nova abordagem para o tratamento inicial do câncer de mama avançado ou metastático RH+/HER2-. “Os resultados sugerem que a terapia combinada com Kisqali deve ser considerada um novo padrão de cuidados para este tipo de câncer, que é o mais comum, representando 69% dos casos”, afirmou.
Ela destacou ainda que o câncer de mama é o tumor mais incidente entre as brasileiras, depois do câncer de pele não melanoma. “Estima-se que 20% a 50% das pacientes com câncer de mama em estágio inicial cheguem à fase metastática da doença, o que é muito grave”, concluiu Loureiro.