Limeira tem oito casos confirmados de varíola dos macacos. É o que aponta o balanço desta sexta-feira (14) da Secretaria de Saúde.
Ainda de acordo com a atualização, há cinco casos suspeitos em investigação. Todos passam bem e estão em isolamento domiciliar. Até o momento, 28 casos foram descartados.
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VARÍOLA DOS MACACOS
Confira perguntas frequentes sobre a enfermidade e as respostas para essas feitas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas (ONU), dividas pelas principais temáticas.
Quais são os sintomas da doença?
Os sintomas normalmente são febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dor nas costas, fraqueza, gânglios linfáticos inchados e erupção ou lesões cutâneas. A erupção cutânea (exantema) geralmente começa dentro de um a três dias após o início da febre. As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado, e depois evoluem para crostas, secam e caem. O número de lesões em uma pessoa pode variar de poucos a milhares. A erupção cutânea tende a se concentrar no rosto, palmas das mãos e plantas dos pés. Também podem ser encontradas na boca, genitais e olhos.
Os sintomas normalmente duram entre duas e quatro semanas e desaparecem sem tratamento. Se você acha que tem sintomas que podem ser varíola dos macacos, busque a orientação de um profissional de saúde. Avise-o se você teve contato próximo com alguém infectado ou com suspeita da doença.
Monkeypox pode levar à morte?
Na maioria dos casos, os sintomas da monkeypox desaparecem sozinhos em poucas semanas, mas em algumas pessoas podem provocar complicações médicas e até mesmo a morte. Recém-nascidos, crianças e pessoas com imunodepressão pré-existente correm risco de desenvolverem sintomas mais graves.
As possíveis complicações de casos graves são infecções de pele, pneumonia, confusão mental e infecções oculares que podem levar à perda da visão. Recentemente, cerca de 3% a 6% dos casos notificados provocaram morte em países endêmicos, frequentemente entre crianças ou pessoas com alguma condição crônica de saúde. É importante levar em conta que essa porcentagem pode estar subestimada, pois a vigilância em países endêmicos tem limitações.
Transmissão
Como a doença passa dos animais para humanos?
A transmissão de animais para as pessoas quando entram em contato físico com um animal infectado. Os hospedeiros animais são principalmente roedores e primatas. Em países endêmicos onde os animais portam o vírus, quaisquer alimentos que contenham carne ou partes de animais devem ser cuidadosamente cozidos antes do consumo.
No Brasil, os animais silvestres, incluindo todas as espécies de macaco, não são portadores do vírus da monkeypox e, portanto, não transmitem a doença.
Como o vírus passa de uma pessoa para outra?
As pessoas podem transmitir a doença enquanto apresentam sintomas (normalmente entre duas e quatro semanas). Essa doença pode ser contraída pelo contato físico próximo com alguém que tenha sintomas. A erupção cutânea (exantema), os fluidos corporais (tais como pus ou sangue de lesões cutâneas) e as crostas são particularmente infecciosos. Roupas, roupas de cama, toalhas ou objetos como utensílios/pratos contaminados com o vírus por contato com uma pessoa infectada também podem infectar outras pessoas.
Úlceras, lesões ou feridas na boca também podem transmitir a doença, o que significa que o vírus pode se propagar pela saliva. Pode haver transmissão, portanto, no contato íntimo com alguém infectado, por meio do abraço, beijo ou mesmo carícias.
O contato muito próximo com gotículas respiratórias de uma pessoa infectada também pode ser um meio de transmissão. No entanto, a possibilidade de transmissão por vias aéreas, pela tosse, espirros ou fala ainda precisa de mais estudos.
O vírus também pode ser transmitido da mãe para o feto a partir da placenta, ou de um pai infectado para seu filho após o nascimento através do contato da pele. Não está claro se as pessoas que não têm sintomas podem propagar a doença.
A doença é sexualmente transmissível?
A monkeypox pode se propagar de uma pessoa para outra pelo contato físico próximo, incluindo o contato sexual. Atualmente não se sabe ocorre a transmissão da doença por vias de transmissão sexual (sêmen ou fluidos vaginais, por exemplo), mas o contato direto da pele com a pele com lesões durante a atividade sexual pode propagar o vírus.
Às vezes, a erupção se manifesta nos órgãos genitais e na boca, o que provavelmente contribui para a transmissão durante o contato sexual. O contato boca com pele pode, portanto, causar transmissão onde há lesões cutâneas ou bucais.
As erupções causadas pela monkeypox podem se assemelhar a algumas infecções sexualmente transmissíveis, como, por exemplo, herpes e sífilis. Isso pode explicar por que vários dos casos do surto atual foram inicialmente identificados entre homens que buscam atenção em clínicas de saúde sexual. No entanto, qualquer pessoa que tenha contato físico próximo com alguém doente está em risco.
Quem corre o risco de contrair a doença?
Qualquer pessoa que tenha contato físico próximo com alguém com sintomas da doença corre risco de infecção. Recém-nascidos, crianças e pessoas com imunodepressão pré-existente correm o risco de desenvolverem sintomas mais graves. Profissionais de saúde também estão em maior risco devido à maior exposição ao vírus.
Prevenção
Como posso me proteger e proteger os outros da doença?
É possível reduzir o risco ao limitar o contato com pessoas que estão sob suspeita ou que confirmaram o diagnóstico da doença.
Quando é necessário se aproximar fisicamente de alguém que tenha monkeypox, a pessoa doente deve utilizar uma máscara médica (ou cirúrgica), principalmente se tiver lesões na boca ou estiver tossindo.
Deve-se usar máscara também. Evite o contato pele a pele sempre que possível e use luvas descartáveis se tiver qualquer contato direto com lesões. Bem como, o uso de máscara ao manusear roupas ou roupas de cama caso a pessoa infectada não possa fazê-lo sozinha.
Lave regularmente as mãos com água e sabão ou friccione-as com gel à base de álcool, especialmente após o contato com a pessoa infectada, suas roupas, lençóis, toalhas e outros itens ou superfícies que tenham sido tocados ou que possam ter entrado em contato com as erupções cutâneas ou secreções respiratórias (utensílios e pratos, por exemplo). Limpe e desinfete todas as superfícies contaminadas e descarte os resíduos contaminados (curativos, por exemplo) de forma adequada.
Tratamento
O que devo fazer se achar que estou com a doença?
Se a pessoa apresenta sintomas ou teve contato próximo com alguém infectado com monkeypox, deve entrar em contato com um profissional de saúde para aconselhamento, avaliação e assistência médica.
Se possível, isole-se e evite o contato próximo com outras pessoas. Lave as mãos regularmente e adote as medidas listadas acima para proteger os outros da infecção. O profissional de saúde coletará uma amostra e a analisará para oferecer a atenção que você precisa.
Existe tratamento?
Pessoas com monkeypox devem seguir as orientações de um profissional de saúde. Os sintomas normalmente desaparecem por conta própria, sem a necessidade de tratamento. No entanto, se necessário, a utilização de medicamentos para dor (analgésicos) e febre podem ter a prescrição para aliviar alguns sintomas.
É importante que qualquer pessoa com monkeypox fique hidratada, coma bem e durma o suficiente.
Deve-se evitar coçar a pele e cuidar da erupção, limpando as mãos antes e depois de tocar nas lesões e mantendo a pele seca e descoberta. Se estiver na presença de outra pessoa, deve cobrir a lesão com roupas ou um curativo até que consiga se isolar novamente.
A erupção pode ser limpa com água esterilizada ou anti-séptico. Lavagens com água salgada podem ser feitas para lesões na boca, e banhos quentes com bicarbonato de sódio e sais de Epsom e ajudam lesões no corpo. A aplicação de lidocaína pode ser feita em lesões orais e perianais para aliviar a dor.
Muitos anos de pesquisa sobre a tratamento da varíola levaram ao desenvolvimento de produtos que também podem ser úteis no tratamento da monkeypox. O desenvolvimento de um antiviral para tratar a varíola (Tecovirimat) teve aprovação em janeiro de 2022 pela Agência Europeia de Medicamentos para o tratamento da monkeypox, mas ainda com disponibilidade bem limitada.
A experiência com estas terapêuticas no contexto do surto atual do monkeypox é limitada e ainda são necessários estudos para ampliar o conhecimento sobre essas estratégias de tratamento.
Vacina
Como foi produzida essa vacina no passado? Que tecnologia era utilizada?
No Brasil, a produção da vacina contra a varíola era feita pelo Departamento de Produção do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que produziu mais de 300 milhões de doses de vacina usando a cepa de cowpox, nos costados de vitelo bovino, e depois houve desenvolvimento da tecnologia de produção em ovos embrionados. Com a eliminação da virose pela vacinação, esta vacina deixou de ser feita no IOC.
Atualmente, no mundo, poucos laboratórios produzem esta vacina, em volumes pequenos, e é utilizada a tecnologia de cultura de células e cepa de vírus MVA/ACAM2000, que é uma cepa mais aperfeiçoada, e produz menos reações adversas do que a cepa anteriormente utilizada.
Por que a vacina parou de ser produzida?
Em 1980, com declaração de erradicação global da varíola pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a produção foi descontinuada.
Quem já se vacinou contra a varíola no passado está protegida contra a monkeypox?
É provável que as pessoas vacinadas contra a varíola tenham uma certa proteção contra a monkeypox.
Entretanto, é pouco provável que pessoas mais jovens tenham sido vacinadas contra a varíola humana, pois a vacinação contra a doença parou de ser realizada em todo o mundo depois que ela se tornou a primeira doença humana a ser erradicada em 1980. Apesar de as pessoas vacinadas terem uma certa proteção contra a monkeypox, também devem adotar medidas para se proteger e proteger os demais.
Existe vacina específica para monkeypox?
Recentemente uma vacina teve aprovação para prevenir a monkeypox. Alguns países estão recomendando a vacinação para pessoas de alto risco. Muitos anos de pesquisa levaram ao desenvolvimento de vacinas mais novas e seguras para a varíola, doença já erradicada, mas que também pode ser útil para a monkeypox. Uma delas foi para a prevenção da monkeypox. No entanto, a OMS recomenda que somente as pessoas que estão em risco maior devem ser aptas para vacinação. Não há recomendação de vacinação em massa neste momento.
Quem deve ser vacinado contra a monkeypox?
Na situação epidemiológica atual de surtos de monkeypox fora dos países endêmicos, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e a OMS recomendam, portanto, a vacinação somente aos contatos próximos de um caso da enfermidade.
A Opas e a OMS não recomendam a vacinação em massa. Independentemente do fornecimento de vacinas, a vacinação em massa da população não é necessária nem recomendada para a monkeypox.
Assim, todos os esforços devem ser feitos para controlar a disseminação da varíola entre humanos através da detecção e diagnóstico precoce de casos, isolamento e rastreamento de contato.
A Fiocruz pode produzir uma vacina para monkeypox ou incorporar uma tecnologia já existente?
Os vírus vacinais das atuais vacinas de varíola são feitos em culturas de células, tecnologia que o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) domina há anos para produção industrial dos imunizantes contra sarampo, caxumba, rubéola e rotavírus, já fornecidos ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Caso a produção nacional da vacina contra a monkeypox venha tenha determinação do Ministério da Saúde (MS), a Fiocruz poderá realizá-la.
Crianças
As crianças podem contrair monkeypox?
As crianças geralmente são mais propensas a ter sintomas graves do que adolescentes e adultos. A transmissão do vírus também pode ocorrer ao feto ou a um recém-nascido durante o nascimento ou por contato físico precoce.
Quais são os sinais e sintomas de monkeypox em crianças?
A monkeypox deve ser considerada quando crianças ou adolescentes apresentam uma erupção cutânea que possa ser consistente com a doença, especialmente se houver critérios epidemiológicos presentes.
No entanto, a erupção da monkeypox pode ser confundida com outras doenças exantemáticas (aquelas que apresentam erupções da pele e que podem estar associadas a doenças infecciosas comuns em crianças), como: varicela; doença da mão, pé e boca; sarampo, molusco contagioso, catapora, sarna e erupções cutâneas alérgicas.
Geralmente, a monkeypox se apresenta com os mesmos sintomas tanto para adultos quanto para crianças: começa com febre, dores de cabeça, musculares e nas costas, calafrios, linfonodos inchados, fadiga, seguidos de erupção cutânea. Até três dias depois de ter febre, o paciente pode desenvolver uma erupção cutânea no rosto e no corpo que progride para lesões crostosas na pele.
As lesões podem afetar predominantemente a face, palmas e plantas dos pés, membranas mucosas e, menos comumente, genitais. Desse modo, a maioria das infecções são relativamente leves, com sintomas com duração de 2 a 4 semanas.
Complicações raras da monkeypox incluem abscessos, obstrução das vias aéreas devido a linfadenopatia grave, celulite, encefalite, infecção secundária da pele, ceratite, pneumonia, sepse e doenças oculares que podem levar à perda de visão.
Como se dá o contágio em crianças?
Da mesma forma que se dá em adultos.
Qual o período de incubação da doença e qual a gravidade para crianças?
Atualmente entende-se que o período de incubação da monkeypox (o tempo desde que uma pessoa tem infecção até apresentar sintomas) é de cerca de 12 dias (com intervalo de 5 a 24 dias), com erupção cutânea entre 2 e 4 dias depois. As pessoas com a doença podem transmiti-la enquanto apresentam sintomas, ou seja, entre as 2 e 4 semanas de duração.
Recém-nascidos, crianças pequenas, crianças com eczema ou outras condições de pele, e crianças com condições que levem à imunodepressão podem estar em maior risco de doença grave.
Como é feito o tratamento da monkeypox em crianças?
O tratamento deve ser considerado caso a caso para crianças e adolescentes com suspeita ou confirmação da enfermidade, que estão em risco de doença grave ou que desenvolvem complicações da doença. Tecovirimat é o medicamento antiviral de primeira linha para tratar a doença, inclusive em crianças e adolescentes. Por outro lado, crianças e adolescentes com exposição a pessoas com monkeypox suspeita ou confirmada podem ser elegíveis para Profilaxia Pós-Exposição (PEP) com vacinação, imunoglobulina ou medicação antiviral. Só que, neste momento no Brasil, ainda não temos vacinas nem antivirais para profilaxia ou tratamento de infectados ou expostos.
Quais são as principais formas de prevenção da doença em crianças?
A prevenção da monkeypox entre crianças envolve a ação das famílias e cuidadores para supervisionar as práticas, a fim de evitar o contato com indivíduos contaminados com fluídos corporais e até objetos de outras pessoas. O uso da máscara bem ajustada e até a redução do número de cuidadores para crianças com monkeypox são essenciais na prevenção da propagação do vírus.
Assim,com o intuito de evitar a autoinoculação e doenças mais graves, uma atenção especial também deve ser feita por parte dos pais e responsáveis para evitar que crianças com monkeypox arranhem suas lesões ou toquem seus olhos.
Fontes:
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz);
Organização Mundial da Saúde (OMS);
Organização das Nações Unidas (ONU).