Os três cemitérios municipais de Campinas – Saudade, Sousas e o Nossa Senhora da Conceição (Amarais) -, sob gestão da Setec, guardam um pouco da história da cidade. A autarquia investiu, em 2023, na reforma dos muros dos cemitérios da Saudade e de Sousas. Em 2024, haverá mais obras, a troca e restauração do piso tombado nas ruas internas do Saudade.
Para o presidente da autarquia, Enrique Lerena, cuidar dos cemitérios também é uma forma de preservar a história da cidade.
“O Saudade, por exemplo, é considerado um museu a céu aberto. Muitas personalidades da cidade, estão sepultadas lá em lápides que são verdadeiras obras de arte”, disse. “Mas nosso trabalho vai além disso. Também temos investido nesses equipamentos para que as pessoas, nesse momento de dor, tenham o maior conforto possível”, completou.
Ainda segundo Lerena, a obra de troca e restauro do piso do Saudade exige uma grande logística. “Serão 18 mil metros quadrados de piso, sendo 11 mil de pedra portuguesa, na parte tombada pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc), e 7 mil metros de piso intertravado, ecológico, mas o resultado será muito importante para toda a cidade”, explicou o presidente da autarquia.
Em Campinas são registrados aproximadamente 30 óbitos por dia. A maioria dos sepultamentos, cerca de 20, fica sob responsabilidade da Setec.
Cemitério Municipal da Saudade
Fundado em 1880, o Cemitério Municipal da Saudade é um dos mais importantes do País pela riqueza arquitetônica e das sepulturas que ostentam verdadeiras obras de arte. Em uma área de 181,5 mil metros quadrados e 30 mil sepulturas, ele está dividido em cinco cemitérios anexos, que são o Curas D´Ars (para vítimas de febre amarela), o São Miguel e Almas (para os negros católicos), o Terceira Ordem do Carmo, o Santíssimo Sacramento (para católicos brancos) e o São José.
Quem chega ao cemitério, além do Cruzeiro, uma estrutura de ferro instalada em 1910, também vê o mausoléu, conhecido como “Monumento aos Heróis de 32”, construído em homenagem aos heróis da Revolução de 1932.
“Temos pessoas importantes da cidade sepultadas no Saudade, entre prefeitos, artistas, milagreiros assim como pessoas que faziam parte da corte”, explicou Lerena. “Hoje também é comum recebermos pessoas que vêm ao Saudade para fazer turismo”, disse.
Personalidades sepultadas no Cemitério da Saudade de Campinas
Entre as personalidades estão:
- os prefeitos Manuel de Assis Vieira Bueno, Orosimbo Maia, Heitor Penteado e Antônio da Costa Santos (Toninho);
- os nobres do Império Barão de Itapura, Barão Geraldo de Rezende, Barão de Ibitinga e suas cônjuges;
- pessoas que fizeram história, como Ferreira Penteado, Bento Quirino, Francisco Glicério, Mário Gatti, Clovis Antonio Garcia e Hércules Florence);
- além dos famosos Lelio Coluccini (escultor), Renato Corte Real (ator), Oliveira Filho (apresentador e radialista), Rodolpho Noronha (jornalista e escritor) e Cônego João Corrêa Machado.
O Saudade também tem sepulturas de pessoas consideradas milagreiras, como, por exemplo, o escravo Toninho, que está sepultado ao lado do Barão Geraldo de Rezende; Maria Jandira, uma prostituta que ateou fogo ao próprio corpo quando teve seu casamento desfeito; e os três anjinhos, crianças que morreram por conta de um incêndio na casa onde viviam.
Nossa Senhora da Conceição (Amarais)
Fundado em 1969, o Cemitério Parque Nossa Senhora da Conceição (Amarais) é o único, no entanto, que oferece sepultamento gratuito aos moradores de Campinas. Sua construção foi no conceito de parque, com quadras gramadas e sem sepulturas expostas.
No local, está sepultada Laudelina de Campos Melo, militante política, defensora dos direitos das mulheres e das domésticas. Ela também foi fundadora do primeiro sindicato das empregadas domésticas.
Cemitério de Sousas
No mesmo conceito do Saudade, o Cemitério de Sousas teve fundação em 1898 para atender basicamente aos moradores do distrito. Ele conta com 14 mil metros quadrados.
O ex-prefeito de Campinas, Jacó Bittar, está sepultado em Sousas.