Número de infectados e mortos por coronavírus dispara na RMC às vésperas da reabertura do comércio
Reclassificada para a fase laranja, região tem alta de 68% em novos casos e 20% em novas mortes; média móvel sobe para 900 casos diários
A Região Metropolitana de Campinas (RMC), pertencente ao 7º Departamento de Saúde que foi reclassificado para a fase laranja no “Plano São Paulo”, do Governo do Estado, apresentou taxas crescentes nos novos casos e óbitos relacionados ao coronavírus na 30ª Semana Epidemiológica, registrados de 19 a 25 de julho. Segundo nota técnica do Observatório PUC-Campinas, a região teve alta de 68% em novos casos (+6,6 mil) e 20% em novas mortes (+197) no período. A média móvel subiu para 900 casos diários.
As incertezas em relação aos motivos do aumento expressivo, associadas à manutenção da taxa de ocupação de leitos de UTI abaixo de 80% no DRS-Campinas, permitiram que os municípios da RMC reabrissem o comércio e as demais atividades previstas. De acordo com as autoridades de saúde do Estado de São Paulo, o crescimento se deve à testagem de casos mais leves da doença, viabilizando a retomada parcial da economia.
Para o Dr. André Giglio Bueno, docente de Medicina e infectologista do Hospital PUC-Campinas, a realização universal da testagem, antes restrita aos casos mais graves e aos pacientes com alto risco para complicações, pode ter contribuído ao avanço significativo de ocorrências. Além disso, foi reportada instabilidade no sistema de notificações, de modo que muitos casos que deveriam ter sido divulgados na semana anterior foram contabilizados de uma só vez.
“O teste universal é, sem dúvida, o melhor cenário possível para entender com mais precisão o comportamento da pandemia. Mas é importante que continuemos atentos às curvas de novos óbitos e às taxas dos leitos hospitalares destinados a pacientes com covid-19. Esses dados não sofrerão interferência da ampliação de testagem e podem ser utilizados para comparações mais confiáveis”, pontua o médico.
Apesar de estáveis, as taxas de ocupação de leitos de UTI seguem elevadas em Campinas, cidade que exibiu 2,7 mil novos casos (aumento de 84% em relação à semana epidemiológica anterior) e 96 novas mortes (+4,3%) no período analisado pelo Observatório. O município, que começou nesta segunda-feira (27) uma nova tentativa de reabertura do comércio após 35 dias, tem o pior coeficiente de mortalidade da região, com 53 mortes por 100 mil habitantes.
O economista Paulo Oliveira, que coordena as análises sobre o coronavírus no Observatório, diz que o retorno das atividades deve ser articulado entre os municípios. “Caso contrário, a rotina de aberturas e fechamentos vai dificultar bastante o planejamento e a gestão de estoques para os comerciantes. A estabilidade dessa abertura e um impacto menor no crescimento de casos vai depender muito da consciência da população e dos empresários da região no cumprimento dos protocolos e das exigências estabelecidas. ”, analisa o professor extensionista, que prevê retomada lenta da economia em razão do desemprego e da diminuição de renda da população.
Até 25 de julho, a Região Metropolitana de Campinas havia computado 32,1 mil casos e 1,1 mil mortes por covid-19. O DRS-Campinas, atrás apenas da Grande São Paulo, registrava 44,8 mil casos e 1,6 mil óbitos até o encerramento da 30ª Semana Epidemiológica. Campinas, epicentro da pandemia na RMC, tinha 15,6 mil casos e 634 mortes. Os dados atualizados estão disponíveis no Painel Interativo do Observatório PUC-Campinas, que acompanha a evolução diária de casos: https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.