Quais são os principais riscos e causas da poluição da água?
Sancionado em julho de 2020, por meio da Lei nº 14.026/2020, o Marco Legal do Saneamento tem como principais metas alcançar a universalização dos serviços até 2033, garantir que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% dos cidadãos se beneficiem do tratamento e da coleta de esgoto.
Atualmente, a maior parte dos rios brasileiros apresenta altos índices de poluição, como mostrou um estudo da Fundação SOS Mata Atlântica. Segundo o levantamento, que monitorou 90 rios brasileiros, nenhum dos rios apresentou qualidade ótima, com água limpa. A análise coletou mais de 600 amostras de água, em 16 estados.
De acordo com o estudo, o índice foi considerado ruim ou péssimo em 20,5% dos pontos de coleta, o que quer dizer que a água não pode ser usada no abastecimento e nem para irrigar plantações, conforme publicado pelo G1. Em 72% dos casos, a amostra se mostrou regular e, em quase 7%, a água recebeu classificação boa.
Cesar Felipe de Lima, técnico responsável Doctor Caça Vazamentos e Desentupidora, afirma que há uma série de causas humanas de poluição da água, como o aquecimento global, o desmatamento e as atividades industriais, agrícolas e pecuárias.
“Além disso, lixos e efluentes de águas fecais, tráfego marítimo e derramamentos de combustível estão entre as ações humanas mais nocivas, não apenas para as reservas de água, mas para o meio ambiente como um todo”, acrescenta.
Felipe chama a atenção para o fato de que a alta poluição de água pode trazer diversos problemas para a vida humana, em todos os sentidos. “A poluição da água traz diversas consequências, como doenças que podem ser transmitidas tanto para os seres humanos, como para os animais, como amebíase, febre tifoide, diarreia, cólera, hepatites e leptospirose – doença causada pela bactéria Leptospira, transmitida pela exposição direta ou indireta à urina de roedores”.
Em abril, as secretarias de saúde do Rio de Janeiro emitiram alerta para o aumento de casos de leptospirose. Desde janeiro, 192 casos suspeitos da doença foram notificados pela Coordenadoria Municipal da Vigilância em Saúde. Este ano, a Bahia registrou 46 casos de leptospirose, de acordo com a Sesab (Secretaria da Saúde do Estado da Bahia). Das ocorrências, 21,7% ocorreram em Salvador.
Em São Paulo, de acordo com a SMS (Secretaria Municipal da Saúde), foi identificada a redução de cerca de 50% nas mortes durante dois períodos: 133 (2012 a 2016) para 67 (2017 a 2021).
“Ao mesmo tempo em que o ser humano é responsável pela contaminação da água”, prossegue Felipe , “há diversas atitudes que podemos tomar enquanto sociedade para mudar tal cenário. Cada cidadão é responsável pelos impactos, positivos ou negativos, de suas atitudes. Para não contaminar ainda mais as águas, é importante mudar algumas ações, simples, e que estão ao alcance de todos”, explica.
Para facilitar o entendimento a reportagem organizou as orientações do técnico responsável da Agência Leão nos tópicos a seguir:
- Não descartar o óleo de cozinha no ralo. Ao invés disso, guardar o produto em uma garrafa e entregar a uma cooperativa para que possa ser transformado em sabão;
- Não utilizar pesticidas ou herbicidas nas plantas;
- Jogar o lixo em local adequado e amarrar bem os sacos antes de pôr na lixeira;
- Não jogar nenhum tipo de material, como sacolinhas plásticas e embalagens, em rios, lagos e mares;
- Não descartar medicamentos ou outros materiais no vaso sanitário. Algumas farmácias fazem a coleta de remédios vencidos;
- Reduzir o desperdício de água fechando as torneiras ao escovar os dentes e o chuveiro, durante o banho, entre outros cuidados;
- Evitar a erosão do solo promovendo a cobertura vegetal nos locais com essa tendência;
- Usar menos produtos químicos para limpar a casa e optar por produtos biodegradáveis.
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