22 de novembro de 2024

Blocos dizem que não participarão do carnaval de rua de São Paulo

O cancelamento da participação desses blocos de rua em São Paulo acontece as vésperas da apresentação de um estudo da Covisa (Comissão da Vigilância Sanitária) que definirá, nesta quinta-feira (6), se a capital paulista terá Carnaval neste ano


Por Folhapress Publicado 05/01/2022
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Blocos dizem que não participarão do carnaval de rua de São Paulo
O cancelamento da participação desses blocos de rua em São Paulo acontece as vésperas da apresentação de um estudo da Covisa (Comissão da Vigilância Sanitária) que definirá, nesta quinta-feira (6), se a capital paulista terá Carnaval neste ano – Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

Nesta quarta-feira (5), o Fórum de Blocos de Carnaval de Rua de São Paulo, a União Blocos Carnaval do Estado de São Paulo e a Comissão Feminina de Carnaval de São Paulo cancelaram a participação no carnaval de rua de São Paulo.


As três entidades representam 250 blocos que estavam inscritos para o evento. Ao todo, a capital recebeu inscrição de cerca de 680 blocos.


Eles alegam insegurança sanitária para participação do evento, falta de consenso entre as três esferas políticas e não inclusão dos blocos e coletivos nas tratativas da organização.

‘NÃO É SEGURO NEM COM A VACINA’


“Os blocos fizeram eventos-teste. Tivemos ensaios desde outubro, eventos menores em condições controladas, com uso de máscara, solicitação de vacina e o que vimos foi uma explosão de casos”, diz Thais Haliski, coordenadora da Comissão Feminina de Carnaval de São Paulo.


A coordenadora analisa que a possibilidade de transferir a festa para o autódromo de Interlagos, estudada pela Prefeitura de São Paulo, como noticiou a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, só atende aos interesses de patrocinadores e, por isso, a descartam também.


“Nossa proposta é não participar porque não é seguro nem com a vacina”, diz Haliski.


“Se colocarmos isso dentro de um autódromo, quando vamos ter milhares de pessoas só com a condicionante das duas doses, isso não vai impedir a transmissibilidade. É Carnaval, ninguém vai ficar de máscara, vai todo mundo se abraçar, beber, se lamber. Não é seguro e se não é seguro, não vai ter Carnaval. Não tem o que discutir”, completa.


Em meio ao aumento de casos de Covid-19, em decorrência da variante ômicron, e explosão de pessoas com a influenza H3N2, as entidades afirmam que a possibilidade de pouca condição sanitária sempre esteve presente, mas passou “a largo das autoridades municipais, estaduais e federais”.


“Por razões das mais diversas e até estúpidas, chegamos a este ponto de incerteza e insegurança, que a sociedade brasileira vai levar anos para dissipar”, diz a nota.

ENTIDADES COBRAM PLANO ALTERNATIVO PARA O CARNAVAL DE RUA HÁ MAIS DE UM ANO


Além disso, também informam que São Paulo não possui um plano alternativo para o Carnaval de rua há mais de um ano. “Há diversas maneiras de se colocar o Carnaval para andar, economicamente falando, e suprir as necessidades que milhares de paulistanos têm de gerarem emprego e renda, nessa retomada ao ‘normal possível’.”


No manifesto, o grupo pede que sejam programas de fomento que alcancem os blocos inscritos no Carnaval de São Paulo.

“Esperamos que cada grupo ou cidadão que queira celebrar a vida o faça pensando na melhor forma de preservar a vida!”


O cancelamento da participação desses blocos de rua em São Paulo acontece as vésperas da apresentação de um estudo da Covisa (Comissão da Vigilância Sanitária) que definirá, nesta quinta-feira (6), se a capital paulista terá Carnaval neste ano.


A avaliação do cenário epidemiológico e as projeções sobre coronavírus e gripe na cidade ocorreriam na próxima segunda-feira (10), mas foram antecipadas a pedido do prefeito Ricardo Nunes (MDB).


No início de dezembro, a Vigilância Sanitária aconselhou o prefeito a não realizar a festa de Réveillon na avenida Paulista e o evento acabou cancelado. Agora, a capital estudava transferir os festejos para outros locais, como Interlagos.


Outras cidades já anunciaram a suspensão do Carnaval de rua, como o Rio de Janeiro, Olinda, Recife e Salvador. A lista de municípios chega a pelo menos 58 no interior paulista, litoral e Grande São Paulo.