Santa Casa de Piracicaba intensifica processo de doação de órgãos
O processo de doação de órgãos está sendo amplificado no Hospital, com a reestruturação e inclusão de novos membros à equipe, que atualmente reúne 35 pessoas, entre médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogas
Em homenagem ao Dia Nacional dos Doadores de Órgãos, 27 de setembro, a Santa Casa de Piracicaba agradece a todos os familiares que concordaram em doar os órgãos de seus entes queridos após o falecimento e lembra que, apesar do grande sofrimento da perda, o que prevaleceu foi a solidariedade ao próximo; pois embora tenha havido uma queda de aproximadamente 54% no número de abordagens aos familiares no Hospital, devido à pandemia, a porcentagem de efetivação de doação sofreu pouca variação.
A enfermeira Milena Pessoa, coordenadora da CIHDOTT- Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgão e Tecidos para Transplante da Santa Casa, explica tendo-se como referência os números apresentados pelo Departamento de Controladoria Hospitalar.
Ela lembra que, em 2019, antes da pandemia, o Hospital realizou 154 entrevistas junto a familiares de possíveis doadores, com a efetivação de 80 doações de córneas e quatro de múltiplos órgãos. Em 2020, foram 71 entrevistas com 30 doações de córneas e cinco de múltiplos órgãos; e em 2021, quando as abordagens foram intensificadas, ocorreram 58 entrevistas com 26 doações de córneas e sete de múltiplos órgãos, até o momento.
“Os números mostram que, independente da quantidade de abordagens realizadas pela equipe CIHDOTT e do número de órgãos efetivamente retirados para doação, o percentual de familiares que concordaram com a doação se manteve praticamente estável, em torno de 46% ao longo desses últimos três anos”, avaliou Milena. Ela acredita que com a ampliação do trabalho de divulgação e conscientização esses números podem melhorar.
A coordenadora observa também que a quantidade de doadores por morte encefálica aumentou, passando de quatro em 2019 para cinco em 2020 e para 7, em 2021, com 65% de efetivação de doação. “O processo de morte encefálica é o mais complexo, porque o paciente perde todas as funções cerebrais, mas o coração continua batendo com o auxílio de aparelhos, permitindo que os órgãos sejam retirados para doação”, disse.
Ela lembra, porém, que nos demais casos de óbito, apenas as córneas podem ser doadas, pois quando o coração pára, todos os demais órgãos vão à falência também.
Milena revela ainda que, muitas vezes, mesmo diante do desejo ou consentimento da família para a doação, as condições clínicas do paciente não permitem que seus órgãos sejam doados. “Isso ocorre em casos de infecções graves (septissemia), Covid-19, algumas doenças oncológicas e do sistema nervoso, além de doenças infecto-contagiosas como HIV e hepatites, quadros apontados por exames de imagem e bioquímicos, garantindo que não haja nenhum tipo de prejuízo ao paciente que receberá a doação.
Segundo ela, o processo de doação de órgãos está sendo amplificado no Hospital, com a reestruturação e inclusão de novos membros à equipe, que atualmente reúne 35 pessoas, entre médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogas.
“Nossa missão é sensibilizar e refletir sobre a importância da doação de órgãos, tendo-se em vista que 45 mil pessoas estão na lista à espera de um órgão que possa restabelecer suas vidas”, disse Milena, ao lembrar que o número de doadores de órgãos no Brasil caiu 26% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2020.
Milena espera retomar também a Corrida Pela Vida e os Encontros de Familiares e Doadores antes realizados pelo Hospital e, agora, suspensos também devido à pandemia. “São ações importantíssimas no sentido de alertar sobre a necessidade da doação de órgãos”, disse.